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Artigo de Opinião

Coordenadora regional do Bloco de Esquerda

19/06/2024 08:00

O PSD-M anda a convocar as forças terrenas e celestes - aparentemente, neste jardim plantado no Atlântico, até Deus está cansado da democracia (só pode ser ironia divina!) - para chantagear os partidos da oposição e atemorizar o povo.

Qual a novidade de tudo isto? Apenas uma: o PSD-M perdeu a mão.

Tudo o resto sempre fez parte do modus operandi de décadas de governação omnipresente, que criou uma sociedade psd-dependente e temente aos desígnios do céu. São os mistérios da fé e do orçamento!

Mas vamos aos factos em 10 passos:

1. Em Janeiro de 2024, uma mega operação policial constitui arguidos o Presidente do Governo Regional, o Presidente da Câmara do Funchal e dois empresários. A gula é pecado capital.

O PSD-M perde o futuro e o norte. A imunidade não chega para todos.

2. Miguel Albuquerque diz que não se demite para logo dar o dito por não dito, e vai ao Representante da República queixar-se do PAN, que o terá “obrigado” a demitir-se. Uma força da natureza que renega o presidente, mas não a governação.

3. O parceiro de coligação, que tinha perdido tudo e sentia estar a perder o barco da relevância política, também puxa o tapete a Albuquerque e exige a sua demissão. Que se lixe o orçamento! É o salve-se quem puder, de uma encenação digna de um Razzie, que torna o presidente do melhor governo da Madeira - a luxúria é pecado capital - num proscrito.

4. Miguel Albuquerque volta ao Representante da República para demitir-se uma segunda vez, pois a primeira não valeu. É estranho! Mas como diz o povo: não há duas sem três, à terceira é de vez. O filme tem remake.

Apesar do lamento pacificador de Irineu, nada é mais importante que a imunidade e o capital político abstruso. Que se lixe o orçamento!

5. O PSD-M como defensor da renovação e da meritocracia reelege em congresso, à rasquinha, Miguel Albuquerque. Foi um alívio! (não só para ele). A autopreservação (de alguns) será erro crasso na continuidade do partido no governo? A soberba é pecado capital.

Satisfeito pelo mérito que lhe deram, Albuquerque resolveu juntar aos troféus de arguido e de proscrito o de saneador político.

Nisto dos prémios não pode ser só o Eduardo a ficar com eles.

6. A campanha eleitoral isola Miguel Albuquerque, que é persona non grata entre os antigos e potenciais parceiros.

Na ante-estreia deste filme B, o Oscar vai para... o Zé Manel, mas só à terceira votação.

7. 53,4% dos eleitores vão às urnas escolher os representantes de todos no Parlamento e, com isso, decidir um novo governo. Os restantes 46,6% estão demasiado ocupados ou abs(dis)traídos. A preguiça é pecado capital.

O resultado, não sei se repararam, mantém uma confortável maioria de direita no Parlamento, embora sem a maioria absoluta do PSD-M - será que o momento remax ainda tem créditos?! - e afasta a esquerda da Assembleia Regional.

Sem os defensores dos direitos das pessoas, únicos entraves ao desenvolvimento regional, tudo será melhor. Já andavam todos fartos de ouvir falar no preço da habitação e da conta do supermercado ou da luz, nos salários e pensões de miséria, na pobreza ou na exploração de quem trabalha. As más notícias, não sendo de fonte oficial, só enganam tolos e não atraem investidores. A inveja é pecado capital. Agora sim! Será a prosperidade do empreendedorismo para todos.

8. Convencido da sua magnificência e reabilitação política, bem como de que o fantasma de Janeiro passado estava exorcizado, o PSD-M, pela mão de Albuquerque, leva a Irineu Barreto uma raquítica maioria relativa de 36,89% - muito longe vão os tempos áureos! - mas adornada de supostos compromissos. Se são fictícios ou fidedignos, venha o diabo e escolha!

Nisto dos “suponhamos” e das omissões é sempre bom lembrar a sabedoria das mães que sabem que a mentira tem perna curta. E foi o que se viu!

A questão que se coloca agora é se a República, enganada pela personificação da Autonomia, irá voltar a escorregar na casca de banana?

9. O CH quis demonstrar a sua relevância ao brincar com a eleição do Presidente da Assembleia, mas isto de fazer bluff no programa de governo era muita areia para aquela camioneta. Acharam que seria uma jogada de mestre passar a batata quente, e o protagonismo já agora, para o JPP, que não se fez rogado e aproveitou para fazer um directo no telejornal. A avareza é pecado capital.

10. Ao sexto mês a viver em duodécimos, foi implantada a falsa profecia de que tudo estaria perdido sem orçamento aprovado. Foi a histeria de vários signatários, o representante do divino interveio - a ira é pecado capital. E até o PAN já voltou a mudar de opinião, imagine-se!!

A remake está marcado para o solstício de Verão. A não perder!

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