Dizem que o paraíso é fascinante.
Na terça-feira passada, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, em audiência, e em procissão - já o escreveram - as forças partidárias com assento parlamentar na Madeira. O assunto já todos o sabemos.
O Presidente da República, em lamúria, lá disse que, embora, o tema fosse “muito importante do ponto de vista da comunidade”, mas não era tão fascinante como os Encontros no Palácio de Belém.
Já não é a primeira vez que a situação política regional se torna enfado na boca de Marcelo, sendo pior, mesmo, só o desmaio depois do ‘fortimel’.
Foram sete os partidos que se juntaram para falar da atualidade na Madeira, de modo a ajudar o Presidente a formar a sua “opinião sobre o que se deve fazer” na Região.
Não sei se tal seria necessário. Primeiro, a ida a Belém de tantos que, na ilha, poderiam e deveriam ser ouvidos. Depois, o auxílio a uma opinião contaminada, por princípio, pelo cansaço evidente que é ter de dar, mais uma vez, alguma atenção às regiões autónomas.
Dizem que o paraíso é fascinante. Mas, para Marcelo, o paraíso nunca foi a Madeira.
O que sabemos, por agora, depois de se atirarem datas e opiniões para a mesa, é que, na sequência desta audição, o Presidente da República convocou o Conselho de Estado apenas para o dia 17 de janeiro.
Até lá, cada um afunda-se no paraíso que entender melhor.
Da nossa parte, há apenas uma certeza: seja qual for a decisão do Conselho de Estado, importa resolver-se, de uma vez por todas, a situação política na Região, através de um reforço eleitoral que permita devolver à Madeira e aos Madeirenses, estabilidade e previsibilidade políticas.
Os argumentos são muitos. As teorias também. No entanto, é fácil perceber com que gente estamos a lidar.
Aqueles que quiseram adiar a moção de censura para aprovar o Orçamento Regional para 2025 são os mesmos que chumbaram esse Orçamento e, com isso, impediram que a Madeira ganhasse alguma estabilidade neste período vazio e conturbado.
Se dúvidas houvessem sobre o caráter de partidos como o PS e o JPP, tudo ficou mais claro do que água, nos últimos tempos, no Parlamento Regional: o paraíso deles é o pântano para as pessoas. E de pântano, estamos fartos.
Cada um nasce para o paraíso que pode. Mas a Madeira e os Madeirenses precisam de um paraíso estável, reforçado, desenvolvido e com previsibilidade. Esse é o tal que é fascinante. E que teremos.