É difícil jogar limpo na política onde o lema é “mata ou és morto”. Não é diferente de outros ambientes como o trabalho, a vizinhança e até mesmo na família.
Agir de forma correta não dá popularidade imediata, não cria burburinho nem dá material para fazer notícias durante semanas. Concordar em algumas questões com quem não tem a mesma cor partidária ou chegar a consensos é para os “fraquinhos”, para os que se vendem logo. O melhor é criar a intriga, a especulação, a insegurança, o descrédito. Assim, continuamos a dizer mal uns dos outros e os problemas mantém-se. É uma boa forma de passar o tempo, para que, antes de morrer, pensar: “Tinha tanto pela frente”.
Continuo a acreditar que é possível fazer política de forma diferente: com dados analisados, diálogo, debate focado na melhor solução para a maioria e para o futuro. Há políticos e líderes com esta visão, daí não ser uma ideia descabida ou impossível.
Por isso, o que se está a passar na Venezuela é um fenómeno que pode mudar não só aquele país, como todo o Mundo. Preciso que dê certo! Maria Corina Machado, juntamente com milhões de pessoas, está a liderar uma oposição com base na verdade, na mudança de mentalidades, com um discurso coerente, que agrega e apela à paz, à responsabilidade de cada um, para a renovação total, pacífica e ponderada. Não é uma luta de agora. Implicou muitas batalhas vencidas e alteração de estratégias para contornar um sistema corrompido. Conseguir destruir uma ditadura de 25 anos desta maneira, vai certamente inspirar a Governança de outros países e dos seus povos.
Numa entrevista à Maria Corina Machado, que está em constante perigo de vida devido ao Terrorismo de Estado do Regime de Maduro, perguntaram-lhe: “e se chegarmos a 10 de janeiro e Edmundo Gonzalez não consegue ser oficialmente o Presidente da Venezuela?” Maria Corina Machado, com a sua visão admirável e astuta responde: “a pergunta não é essa. A pergunta é: o que é que eu, tu, todos podemos fazer para que isso seja possível.” Mais do que derrotar um regime ditador, é derrubar crenças de inferioridade, de impotência e de medo que nos amarram.
Falámos de políticos corruptos, de patrões exploradores, dos colegas de trabalho que são tóxicos, dos aldrabões...e mudar depende de quem? Nesta fase, viramos as costas à solução: “vou falar para quê? Não vale a pena. Fica tudo na mesma.” É muito mais fácil mentalizarmo-nos de que somos “a raia miúda” e que nessa condição nada podemos fazer. A desculpa mais esfarrapada. A nossa atitude, ou a falta dela, influencia o rumo da história e define o futuro das gerações.
Temos o que a Venezuela não tem: Liberdade de expressão. Muitos Venezuelanos são presos, massacrados ou mortos por trocarem mensagens com alguém ou fazer publicações nas redes sociais que parecem estar contra o regime. Nicolás Maduro, assim como os seus cúmplices e qualquer pessoa agarrada ao poder, está a usar a tática mais velha e macabra que existe: vencer pelo cansaço e tirar proveito da nossa memória curta.
Não podemos exigir um mundo melhor se não formos melhores para o mundo.
Dar voz a esta luta garante a segurança e o bem-estar que temos. Basta partilhar nas redes sociais os avanços feitos pela democracia neste país e divulgar as atrocidades deste Estado com os seus cidadãos ou ir às manifestações que, são breves e bonitas, e acontecem em simultâneo em todos os cantos do mundo.
A vida é muito curta para perder o brilho no olhar, viver sem ânimo e sem cuidarmos uns dos outros. Tem que dar certo.