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Artigo de Opinião

Antropóloga / Investigadora

7/10/2024 07:00

Preconceito e incompreensão marcam o dia a dia das mulheres quando o assunto é maternidade e trabalho. Praticamente quase toda a gente já viu ou ouviu falar de um acontecimento desagradável no meio laboral relacionado a uma mulher que é mãe.

Cada vez mais as mulheres enfrentam desafios e adversidades desconfortáveis apenas pelo simples fato de desejarem conciliar a maternidade com o trabalho.

Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade machista que desvaloriza e menospreza a mulher em diversas esferas da vida, sendo uma delas o trabalho. O preconceito contra mães no mercado de trabalho é uma constante que reflete desigualdades de género enraizadas na nossa sociedade. Apesar dos avanços em direção à igualdade de género nas últimas décadas, muitas mulheres ainda enfrentam discriminação e preconceito por serem mães, enquanto tentam equilibrar suas carreiras e responsabilidades familiares.

Muitos perguntam: “Como é que consegues balançar o lado da maternidade com o lado profissional?” Após várias vezes questionarem o mesmo, pergunto: porque não fazer essa mesma pergunta a um homem?! Porquê sempre à mulher?! Aposto que esta mesma pergunta nunca foi colocada a um homem.

O preconceito ainda existe. Nas empresas é saliente logo no momento da contratação. Nas entrevistas de trabalho, essa é a pergunta chave: “Tem filhos?”, como se o facto de ser mãe fizesse jus ao percurso profissional apresentado. Isso acontece porque muitos ainda cultivam a ideia – no meu ponto de vista, errada - de que mulheres que são mães não irão se dedicar tanto quanto aquelas que não lidam com as preocupações da maternidade.

Mesmo dentro das empresas, há sempre colegas, principalmente mulheres, que julgam as outras pelo simples facto de terem filhos, não considerando estarem aptas para determinadas posições. Ou seja, na cabeça delas, mãe não pode ser promovida ou ter uma carreira profissional. Não pode ser uma advogada de sucesso, uma diplomata, ou uma médica de mérito. Tento pensar que este preconceito existe em mulheres que cobiçam o sucesso das outras. Isto só mostra a falta de sororidade que existe.

Compreendo que esta questão ainda esteja enraizada nas mentalidades dos mais velhos, que viveram numa outra época, em que apenas viam a mulher como a dona de casa, que tomava conta da casa e dos filhos. Sim, naquela altura era impensável ver uma mulher – mãe - a trabalhar ou até no seio político ou em cargos de grande importância. Mas, nos dias de hoje, um pensamento destes vindo de mulheres jovens, creio que isso só pode ter um nome: inveja.

Por mais estranho que pareça, em pleno século XXI ainda encontrámos esta mentalidade na nossa sociedade, sobretudo, vindo de mulheres. Aliás, nos dias de hoje, quando uma mulher diz a outra que está grávida, a reação instantânea não é “Parabéns!”, mas sim: “Mas vais ter?” Pergunta infeliz e ridícula!

Por mais errado que seja cultivar esse tipo de pensamento, algumas empresas na nossa sociedade ainda não vêm este cenário com bons olhos e consideram desvantajoso contar com mulheres que estão a constituir uma família.

Sim, as mães enfrentam desafios ao tentarem equilibrar suas responsabilidades familiares com as exigências do trabalho. A rotina é um malabarismo autêntico. Mas quando aquelas mentalidades retrógradas e antiquadas me dizem: “Ou és mãe ou trabalhas.” Eu respondo, sem medos: “Eu sou mãe e trabalho!”

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