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Artigo de Opinião

Psicóloga Clínica

9/09/2021 08:01

Cada indivíduo pensa e sente a felicidade de uma forma única, muito própria. O que é a felicidade para uns não o será certamente para outros, mas a busca da felicidade, de uma forma geral, é comum a todos, transversal à humanidade, inerente à natureza humana.

Somos invadidos ferozmente com a ideia de que ser feliz é ter o corpo perfeito, ter a casa de fazer inveja aos amigos, o carro que não passa despercebido na rua, o emprego que todos desejariam ter. Entretanto perdem-se momentos marcantes ao longo da vida, como o acompanhar o crescimento de um filho, acompanhar os pais na velhice, acompanhar vitórias (pequenas ou não!) da pessoa que tem estado sempre ao seu lado. Tudo em prol da busca incessante da felicidade. Pode chegar um dia, efetivamente, em que se consegue tudo, mas conseguiu-se alcançar a tão desejada felicidade? Muitos conseguem estes feitos mas sentem-se frustrados porque, afinal, têm tudo o que desejavam, mas, na realidade, não têm nada, falta-lhes o essencial, falta alguém que se ame genuinamente para partilhar essa suposta felicidade. Na busca continuada pelos bens materiais não é incomum perderem-se as pessoas que traziam a verdadeira felicidade, acabando-se rodeado por outros, interessados apenas nos proveitos que a amizade recente lhes pode trazer. Será este tipo de felicidade verdadeiro?

Mas então o que é a felicidade? Como pode alguém ser feliz?

Como já referi, a felicidade é única, de acordo com cada indivíduo, e cabe a cada um encontrar momentos de felicidade. Muitas vezes, a felicidade está mesmo à frente dos olhos, mas estamos tão absorvidos com problemas e com a procura da felicidade, que nem nos apercebemos que está ali, ao nosso alcance, a chamar por nós! E quando a felicidade parece inatingível surgem sintomas de ansiedade e tristeza extrema, roçando a depressão, fazendo-nos pensar porque não conseguimos ser felizes, e se algum dia seremos felizes. Mas estamos nós a querer verdadeiramente ser felizes?

O tempo passa até que um dia iremos olhar para a nossa história de vida e apercebemo-nos de que poderíamos ter sido felizes. Era tão fácil! A felicidade esteve sempre presente, mas não nos permitimos senti-la porque estávamos à procura do que a sociedade impunha. E será triste apercebermo-nos que não aceitamos a verdadeira felicidade, a que não exigia de nós qualquer esforço ou custo, que apenas estava ali, aguardando ser percebida e sentida.

Existe então uma fórmula para a felicidade? Não. A felicidade é o que cada um faz dos momentos em que vive, sorri, ri, respira, abraça e beija. É a forma como sentimos o nascer do sol, a brisa do mar, a lua cheia, as flores na primavera. É a forma como sentimos o primeiro amor, o primeiro beijo, o primeiro salário. É a forma como conseguimos ultrapassar pequenos ou grandes obstáculos, é a superação pessoal, a realização profissional. É a forma como somos recebidos por quem amamos, é a alegria que o nosso animal de estimação nos transmite ao receber-nos. É tanta coisa e parece quase nada, pois encaramos as coisas simples como adquiridas, sem as valorizarmos. Mas se as perdermos vemos a importância que tiveram na nossa vida.

Encontre a sua felicidade nas pequenas coisas e pequenos momentos que fazem parte da sua vida e seja feliz! Ainda vai a tempo!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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