MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

A Madeira tem dois grandes dormitórios, Câmara de Lobos e o Caniço. E é precisamente na linha entre Câmara de Lobos, Funchal e o Caniço que vemos a via rápida ficar entupida todos os dias úteis com milhares de carros a deslocarem-se exatamente pelo mesmo trajeto. Se há essa necessidade de deslocação, não faria então sentido haver um transporte de massas entre o Caniço e Câmara de Lobos passando pela baixa do Funchal? Assim as pessoas só teriam de deslocarem-se entre as suas casas e a estação mais próxima, chegando ao Funchal no metro. Isto evitaria que muitos carros entrassem no Funchal ou até evitaria saírem de casa num dia normal de trabalho.

Muitas vezes a orografia é indicada como a culpada para a não realização de projetos de fundo na região. Contudo, essa mesma orografia não impediu a construção de um complexo de pontes e túneis que hoje conhecemos como a Via Rápida e as Vias Expresso. O desnível da linha seria demasiado para a operação do metro? Para isso basta ver o exemplo do metro de Lausanne, que tem um desnível de 400 metros.

Outra razão apontada para a inviabilidade de um projeto destes é não termos uma população de milhões. Contudo, em novembro de 2021 foi publicado no Sul Informação uma notícia que referia que Faro irá ter um metro de superfície financiado pela UE. Faro tem cerca de 150 mil habitantes. O Funchal tem cerca de 106 mil habitantes, mas se juntarmos Santa Cruz e Câmara de Lobos, ficamos com cerca de 180 mil habitantes. Falta ainda considerar os cerca de 2 milhões de turistas que nos visitam por ano, número próximo ao que o Algarve também recebe. Além disso, há menos de um mês foi divulgado no Diário de Notícias um projeto de um metro de superfície entre Loures e Odivelas que terá 19 estações e cerca de 13km de extensão. O custo estimado? 250 milhões de euros. Quanto deverá custar o complexo de túneis rodoviários já anunciado pelo governo regional?

Um metro de superfície iria gerar receita porque o uso seria cobrado tal como é em qualquer transporte público. Os túneis rodoviários, pelo contrário, não geram rendimento direto. Depois, o metro de superfície seria útil não só aos residentes, mas também aos turistas e empresários. Se a linha do metro começasse no aeroporto, teríamos a situação ideal porque a mesma linha poderia passar pela principal zona hoteleira da região, na Estrada Monumental. Também é preciso considerar a valorização dos negócios e imóveis na periferia das estações do metro. Os proprietários dos hotéis e alojamentos locais de cidades turísticas com metro sabem que ter uma estação na proximidade é uma enorme mais-valia para o negócio porque muitos turistas escolhem esses alojamentos precisamente por conta da proximidade a uma estação. Túneis rodoviários não trazem esse tipo de valorização.

A implementação de um metro de superfície seria um investimento para o presente e futuro, inclusivamente para o setor da construção civil na região. Não só na construção, mas também na manutenção, o que iria gerar trabalho neste setor para as próximas décadas. Os túneis rodoviários não geram empregos a longo prazo, e dão rendimento às empresas de construção praticamente apenas durante a sua construção. Também é preciso considerar o financiamento que certamente a UE daria para a construção e operação do metro, uma vez que a mobilidade verde é atualmente uma prioridade para Bruxelas. Será que a UE vai financiar do mesmo modo a construção de túneis que irão promover o transporte privado?

Olhem para o futuro, para o exemplo de muitas cidades europeias. Pesquisem por "Metro Ligeiro de Superfície Odivelas/Loures" no YouTube. Olhem para Tenerife, que também tem um metro de superfície. Ainda vamos a tempo de fazer investimentos de valor na Madeira, para verdadeiramente todos.

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