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Artigo de Opinião

22/06/2021 08:01

Curiosamente, na Madeira, também somos um caso de sucesso na matéria. O que não falta no espectro regional são especialistas do "bem dizer". Desde jornalistas, cronistas, a políticos. Devíamos ser um caso de estudo. Talvez por isso é que os meus camaradas de partido foram tão massacrados, isto de ser a exceção à regra e de preferir "o mal dizer", tem as suas consequências.

Talvez seja por isso que o debate monocórdico e aborrecido que temos vindo a assistir no Parlamento Regional, me faça urticária. Desde as últimas eleições legislativas que temos assistido a um debate parlamentar mais pobre, com menos diversidade partidária e, consequentemente, com menos sensibilidades e soluções asseguradas. Repleto de trivialidades e de iniciativas que nada acrescentam à população da Madeira, apenas servem para cumprir calendário.

Vejamos o caso do CDS, a partir do momento que se coligou com o PSD que só assistimos à sua presença em cerimónias pomposas com louvaminhas ao Governo e a fazer votos de congratulação na Assembleia Legislativa da Madeira. Desafio os leitores a fazerem uma pesquiza à ordem de trabalhos das sessões plenárias, para perceberam a dimensão política das iniciativas do CDS-Madeira. São Votos de Congratulação ao "Dia Europeu do Mar", ao "Dia Internacional das Crianças Desaparecidas", ao "Dia Internacional do Bombeiro", ao "Dia Mundial da Arte", ao "Dia Internacional dos Museus", ao "Dia mundial dos Oceanos", ao "Dia Mundial da Rádio". Um autêntico almanaque! Até encontrei um voto de Congratulação aos próprios, neste caso, à "Secretaria Regional de Mar e Pescas e à Direção-Geral de Política do Mar por concretizarem a criação da rede de Escolas Azuis na Região Autónoma da Madeira". Isto é como diz o velho ditado popular: "Gaba-te, cesta, que vais à vindima".

Apesar de tudo, podia ser pior, vejamos na Assembleia da República, enquanto estávamos todos absortos com as notícias da pandemia, aprovaram em Abril, a Carta de Direitos Humanos na Era Digital. Quem lê o título da lei até parece algo bom, mas na prática sob a desculpa de concretizar nacionalmente o "Plano Europeu de Combate à Desinformação" acabamos, através do Artigo 5 do diploma, a atribuir ao Estado poderes para controlar e rotular conteúdos na Internet. Com o pretexto da proteção da população, arranjaram uma via para lançar a censura sobre as redes sociais. Não é por caso que existe a expressão "de boas intenções o inferno está cheio".

Com esta lei o Estado quer ditar o que é "desinformação" e o que é "fidedigno", ou seja, o que é bom e mau para o cidadão ler. Agora, parece que o legislador e os deputados na Assembleia da República esqueceram de explicar, quem intitulou o Estado dono da verdade? E que "critérios" foram definidos para poder avaliar o verdadeiro ou falso na informação! Desculpem-me os bem-intencionados, mas eu dispenso esta boa vontade do Estado, eu como cidadã pensante, é que decido a informação que devo ler e que julgamento farei sobre ela. Jamais admitirei que tomem essa decisão por mim. Prefiro ser enganada pelas fake news, do que estar sujeita ao pensamento único imposto pelo Estado.

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