O engenheiro Joaquim Leça, licenciado em engenharia agrícola, foi o primeiro a usar da palavra no Seminário ‘Agricultura: Presente e Futuro’, no âmbito da II Edição do Festival Agrícola e Repentista da Madeira (FARM), no salão nobre da Câmara Municipal de Santana.

Abordando o tema ‘Santana Agrícola – Presente e Futuro’, o engenheiro agrícola começou por referir que uma das limitações à manutenção da atividade agrícola é “a pouca sensibilização do consumidor final e de alguns empresários da hotelaria e da restauração”. Reconhece que há exceções, congratulando o concelho de Santana onde “boa parte dos empresários da hotelaria e restauração” apoiam a produção agrícola.

“Existem excelentes exemplos no concelho de Santana que realmente deitam a mão à produção agrícola local”, destacou.

Joaquim Leça lamentou ainda o desconhecimento dos mais novos em relação ao valor da gastronomia tradicional e da importância do uso dos produtos agrícolas locais no dia a dia, quer na escola e em casa. “Vamos ouvindo falar que há um interesse de colocar produtos agrícolas locais na cantina das escolas, mesmo que isso obrigue a um aumento dos preços, mas façamos esse esforço. Estamos a ajudar o agricultor”, apontou.

No rol de limitações à manutenção da atividade agrícola, Joaquim Leça adicionou ainda o envelhecimento do agricultor, a mão de obra escassa e cara, as alterações climáticas, exploração agrícola fragmentada, e o território com muito declive.

Na sua alocução, o engenheiro apresentou ainda alguns números – do Recenseamento Agrícola 2019 - sobre Santana, lembrando que dos 11 concelhos da Região este é o “principal concelho agrícola”, sendo que representa 705 hectares de superfície agrícola utilizada de um total de 4 mil e 600 hectares a nível regional. “Ou seja, 15% da superfície agrícola da Região está no concelho de Santana”, relevou.

Já em termos de área média de exploração, o município tem cerca de 4.750 metros quadrados. Comparativamente a nível regional, Santana “está acima” da área média regional (3.420 metros quadrados), destacando-se ainda por ser “o primeiro concelho com mais área cultiva de cereais para grão”.

Joaquim Leça sublinhou ainda o facto de este município estar também no pódio quando se fala de vinha, sendo ainda o concelho com mais tratores.

Em termos de população agrícola familiar, lembrou que Santana detém 3.883 pessoas de um total regional de 36.931 pessoas. “Comparando este número com a população residente no concelho, ronda 6.800 o que é uma percentagem importante de população agrícola”, destacou.

Enalteceu ainda a importância da utilização dos produtos agrícolas e os seus transformados locais na gastronomia tradicional, dando o exemplo do Pão de Santana. A este propósito destacou ainda alguns projetos como ‘Os Comeres de antigamente’, ‘Roteiro Gastronómico do Arquipélago da Madeira’, entre outros.

Relativamente aos apoios ao agricultor, o engenheiro relevou o facto de a Câmara Municipal de Santana pagar a totalidade da fatura da água de rega e apoiar financeiramente a produção do trigo, conforme a área de cultivo.