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JPP diz que há “conflito de interesses” envolvidos na “degradação” do Lar da Bela Vista

Data de publicação
11 Setembro 2024
12:45

O Juntos pelo Povo (JPP) classificou esta quarta-feira de “vergonhosas” as evidências que indiciam uma eventual situação “promíscua” envolvendo a Secretaria Regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, o Instituto da Segurança Social da Madeira (ISSM), o fundador da Associação Atalaia Living Care, o empresário Tony Saramago, e uma empresa “fantasma”, com sede nos Emirados Árabes Unidos, como uma das causas da degradação dos cuidados prestados aos idosos do Lar da Bela Vista.

O deputado do JPP, Miguel Ganança, nota que “o JPP já perdeu a conta”, nos últimos anos, ao número de denúncias públicas e também às autoridades competentes sobre os problemas no Lar da Bela Vista. Acrescenta que “nada se compara à situação no último ano, claramente agravada depois de a instituição ter saído da esfera pública, em Julho de 2023, para o privado”, sublinha.

Na interpretação que faz dos acontecimentos mais recentes, o parlamentar “estranha” a posição “benévola” do Governo Regional e da Segurança Social perante “o agravar da falta de respeito e de dignidade para com pessoas fragilizadas pela doença e a idade avançada”, por parte da Associação Atalaia, que gere a instituição.

Miguel Ganança exorta a Secretaria Regional da Inclusão Trabalho e Juventude e o ISSM a “terem mão firme” num “problema que requer “sensibilidade social e respostas adequadas e urgentes em benefício de uma população que muito contribuiu para a nossa sociedade e agora merece viver com tranquilidade e qualidade o resto das suas vidas”, defende.

“Repudiamos que a velhice seja aproveitada como um negócio para o lucro fácil de algumas pessoas pouco conscientes”, avisa o deputado, revelando que, graças aos “papelinhos”, o tribunal, deu razão às queixas apresentadas pelo JPP.

A decisão judicial autoriza o partido liderado por Élvio Sousa a consultar as cópias das reclamações apresentadas por utentes e familiares. O JPP aguarda, igualmente, por outro despacho para poder consultar os relatórios resultantes das ações de fiscalização e ações inspetivas realizadas no Lar da Bela Vista até 31 de março de 2024.

“Há insuficiências de meios técnicos e humanos, falhas graves ao nível do conforto dos idosos que têm de ser urgentemente corrigidas”, exige Miguel Ganança, apontando ao ano de 2022, quando “o JPP já denunciava a existência de um rácio de apenas um enfermeiro para 70 utentes”, sublinha.

“Nada mudou, pelo contrário, parece que tudo se agravou com a entrada do privado na gestão do Lar”, afiança, para colocar o foco no que julga estar a contribuir para “o arrastar dos problemas de ano para ano”.

O JPP suspeita de “um conflito de interesses”, a resvalar para uma possível situação de “promiscuidade”. O partido fundamenta a desconfiança no facto de não ter sido nem a Secretaria da Inclusão nem o ISSM a tomar uma posição pública sobre as denúncias dos utentes e familiares, depois de uma reunião, no final da semana passada, onde os problemas foram analisados, tendo essa tarefa sido assumida por uma funcionária do ISSM, agora destacada como assessora da Administração da Associação Atalaia Living Care, a IPSS que gere o Lar.

“A funcionária em questão mantém o vínculo ao ISSM, mas foi dispensada em regime de cedência de interesse público, em 2018, a uma empresa Offshore detida pelo empresário Tony Saramago, a MHI (Medical Holding`s International, com sede nos Emirados Árabes Unidos”, explica.

Depois disso, acrescenta, “passou a assessora da Associação Atalaia, e foi ela quem falou à comunicação social no final da referida reunião”, observa o parlamentar, para concluir: “Como é que alguém que está ao serviço dos interesses da empresa privada pode ser a porta-voz das queixas dos idosos e familiares?”

O parlamentar do JPP diz que, naturalmente, “a senhora veio dizer que estava tudo bem”, enfatiza, e acrescenta: “Desvalorizou tudo, desmentiu familiares e utentes. Não há banho de água fria, não faltam funcionários, está tudo perfeito, no dizer dela! Apenas uma coisa era verdade: a Segurança Social ia desbloquear 1,8 milhões de euros para a sua entidade patronal, a Associação Atalaia Living Care, visto que, como ela própria referiu, o contrato com o Governo ‘está a ser cabalmente cumprido’, ou seja, foi juíza em causa própria, ignorando as queixas dos utentes”, critica Miguel Ganança.

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