O presidente do conselho de administração da RTP, Nicolau Santos, disse hoje que está a negociar com o Governo da República a permissão de os canais RTP-Madeira e RTP-Açores continuarem a manter a publicidade.
Em entrevista esta noite no Telejornal Madeira, Nicolau Santos defendeu que a realidade vivida no Continente e que levou o Governo de Luís Montenegro a anunciar um processo faseado de três anos para o fim da publicidade nos canais nacionais da televisão pública, não é a mesma que é verificada nas ilhas, uma vez que as empresas que publicitam nos canais das Regiões são maioritariamente de dimensão regional.
“Nós esperamos conseguir sensibilizar o Governo para o facto de a publicidade que é colocada pelas empresas madeirenses na RTP-M visar essencialmente o mercado local. Não faz, do nosso ponto de vista, nenhum sentido que seja cortada essa publicidade, porque essas empresas não vão colocar essa publicidade depois numa cadeia internacional como a TVI ou como a SIC”, disse, esperando que o Governo da República venha a ser “sensível” a este argumento.
O presidente do conselho de administração da RTP considerou ainda que a RTP-Madeira e a RTP-Açores “têm um papel importantíssimo” e que “vão continuar a existir” no modelo que têm hoje. Porém, admitiu que entre os oito canais de televisão e as sete rádios do grupo poderá haver “alguma aglutinação”. “Mas a RTP-M e a RTP-A não estão em causa”, garantiu.
Relativamente ao plano de saídas voluntárias da RTP, que pode chegar a 250 funcionários no universo da estação portuguesa, explicou que a sua implementação depende de um financiamento de 40 milhões de euros que ainda está por aprovar pelo executivo central.
Referiu que a contraproposta que a RTP apresentou à tutela é que por cada duas saídas haja uma nova entrada, mas advertiu que as “regras ainda não estão definidas”.
Uma versão mais curta do plano prevê a saída de 135 pessoas, mas esta solução só avança se o financiamento de 40 milhões não for para a frente.
No dia do 57.º aniversário da rádio pública da Madeira, a questão da idade dos trabalhadores também esteve em evidência, tendo Nicolau Santos adiantado que dos 28 trabalhadores da rádio pública, 20 estão com mais de 60 anos e 11 com mais de 63 anos, mas não se comprometeu como novas contratações.
Entre os futuros investimentos previstos para a Madeira está a renovação do sistema informático usado pela rádio, a melhoria dos emissores de rádio, a chegada de nove carros elétricos para a frota da empresa, câmaras mais ligeiras, um novo sistema de iluminação para os estúdios e ainda outros investimentos que podem ser feitos ao abrigo de verbas do PRR disponíveis até junho de 2026.