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Pecado e Perdão

    D. Teodoro de Faria

    Bispo Emérito do Funchal

    Data de publicação
    02 Junho 2024
    8:00

    Hoje raramente se fala do pecado, tornou-se uma palavra quase proibida, portanto não se fala como há pucos anos atrás. É certo que o Papa Francisco no tempo da Quaresma se apresenta dentro de um confessionário em Roma. Boa imagem para reproduzir nos jornais e revistas. A sociologia e a psicologia tentam mostrar que é uma ilusão ou um complexo de culpa, preferem a expressão de comportamento regular ou irregular, de tal forma que o irregular se torne normal. A ideia de que é moral, dizem, deve ser abandonada. Por infelicidade o confessionário serviu nalguns casos para o pior dos fins, o abuso de menores, que todos condenam, e bem, mas as famílias não renegam sempre o que condenam.

    Hoje não se querem normas morais porque são vistas como ameaça à liberdade. A grande francesa Simone Weil escreveu: “Só experimentamos o bem quando o fazemos... quando fazemos o mal não o sabemos porque o mal tem vergonha da luz”. Muitas pessoas reconhecem o mal quando são os outros que o fazem. Diz São João, que uma das tarefas do Espírito Santo é “convencer o mundo do pecado” (Jo. 16.85).

    No livro do Génesis, no capítulo terceiro, o Espírito de Deus, convence o mundo e também a nós do pecado, para nos salvar.

    Esta narração da tradição “Iavista”, provem dos tempos do rei David e de seu filho Salomão, sendo depois introduzida no livro do Génesis.

    O texto bíblico trata de um jardim, de uma árvore e de uma serpente.

    O jardim significa o mundo, que não é um perigo, realizado por Deus Criador, sendo sua propriedade, seu dom, não é uma ameaça nem perigo, mas uma dádiva magnífica do seu amor pela humanidade.

    A imagem da serpente provem dos cultos orientais da fertilidade, tentação constante para o povo judeu, para abandonar a Aliança com Deus.

    Que diz a serpente? Não se apoiem nesse Deus distante, nada tem para vos oferecer. Não adiram a essa Aliança que vos é tão estranha e vos impõe tantas restrições, tomem parte na realidade da vida e da sua imortalidade.

    “Viu a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspeto e precioso para esclarecer a inteligência” (Gen.3,6.) Nesta narração a serpente era o símbolo da sabedoria que governa o mundo e da fertilidade por meio da qual os seres humanos mergulham na corrente divina da vida, agarrados e fundidos no poder divino.

    A serpente representa a atração que as religiões orientais exerciam sobre Israel, tão condenadas pelos profetas. A serpente não nega Deus, mas põe em dúvida a Aliança, esta aparece como um colete de forças que exige e impede o real gozo das promessas da vida, que rouba a liberdade como as coisas mais preciosas da vida. Esta dúvida acerca da Aliança aparece ao longo da história humana, entra no cenário da nossa vida quotidiana, ou seja, poder moralmente fazer o que forem capazes de fazer. O ser humano não quer ser criatura, não quer normas, não quer ser dependente, depender do amor criativo de Deus é uma escravatura, ele quer ser Deus, quando isso acontece, fica tudo torto e ridículo.

    O campo de concentração de Auschwit para Rudof Hoss era um feito notável, tendo

    em conta que os horários de transporte, a capacidade dos crematórios, o potencial de queima, vendo como todos os trabalhadores juntos não tinham falhas, era um programa fascinante, tudo bem coordenado.

    Será que os seres humanos podem fazer tudo aquilo que tecnicamente são capazes?

    Afinal não se libertam, opõem-se à verdade e destroem a si mesmos e ao mundo, se não se fazem deuses é porque não podem, são falsos deuses, escravos das suas debilidades que depois se corrompem.

    A dignidade e a grandeza do ser humano, consiste em ter sido criado à imagem de Deus, inteligente e livre. Não se pode ser amado à força. Onde não há liberdade,

    também não há amor verdadeiro. Ser humano é ser tentado como também foi Jesus Cristo, Ele quis ser tentado até repetidas vezes, mas triunfou sempre da tentação.

    (Mt. 4,1-11, Mc. 14, 32.42). Ele fez-se obediente até à morte, e morte da cruz, por isso Deus o ressuscitou. São Paulo escreve aos romanos: “Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele” (Rom.8,9).

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