A Assembleia da Córsega adotou hoje um projeto constitucional que prevê “um estatuto de autonomia” da ilha “no seio da República francesa”, com 13 dos 63 deputados eleitos a votarem contra a atribuição de poderes legislativos locais.
É um “momento democrático extremamente poderoso e forte”, disse o presidente autonomista do Conselho Executivo da Córsega, Gilles Simeoni, antes da votação, acrescentando que a consulta dos representantes eleitos da ilha constituía “uma tremenda mensagem de esperança”, apesar de “não esconder” nenhum desacordo dos legisladores.
O texto foi submetido a votação em três partes sobre a noção de comunidade corsa com “interesses específicos ligados à sua insularidade mediterrânica e à sua comunidade histórica, linguística e cultural”, a possibilidade de atribuir um poder normativo aos eleitos da ilha e a ideia de uma consulta popular pelo eleitorado corso, cuja data ainda não foi fixada.
Na votação final, que indicava que “o texto assim adotado será transmitido ao Parlamento”, apenas um deputado pró-independência votou contra.
Este texto foi acordado em março em Paris pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, e oito representantes corsos das diferentes tendências políticas do hemiciclo insular.
O ministro do Interior tinha pedido a Gilles Simeoni que “procurasse um consenso alargado” no seio da “Assembleia Territorial, para além da família autonomista e nacionalista da Córsega”.
O projeto deverá agora ser apresentado ao Parlamento nacional, onde está longe de ser aprovado por unanimidade, com a direita, maioria no Senado, hostil a esta reforma constitucional.
Para o projeto ser validado, deverá ser aprovado de forma idêntica pela Assembleia Nacional e pelo Senado, antes dos deputados e senadores se reunirem no Congresso, onde será necessária uma maioria de três quintos.
As discussões sobre uma forma de autonomia para a Córsega foram lançadas após semanas de violência na ilha em 2022, na sequência da morte de um militante pró-independência, Yvan Colonna, atacado na prisão onde cumpria pena de prisão perpétua pelo assassinato do representante da República na Córsega Claude Erignac, em 1998.
Outras regiões como a Alsácia, Guiana Francesa, País Basco e Bretanha, também têm ambições independentistas.