As Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela (FANB) reiteraram hoje lealdade e subordinação ao Presidente Nicolás Maduro, condenando as intenções do opositor Edmundo González Urrutia de assumir o papel de comandante-chefe militar.
“No dia 10 de janeiro de 2025, ratificaremos o nosso compromisso irredutível com a democracia venezuelana e reconheceremos Nicolás Maduro Moros como Presidente constitucional, reeleito para o período 2025-2031, a quem, como nosso comandante-chefe, juramos solenemente fidelidade, obediência e subordinação”, afirmam as FANB em comunicado lido pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López.
No comunicado, os militares dizem ter assistido “com profunda indignação” ao vídeo divulgado “pelo covarde Edmundo González Urrutia, dirigindo-se de forma desavergonhada e insolente às FANB com afirmações absurdas e incoerentes que demonstram não só o desconhecimento da instituição, mas também um desespero exacerbado perante o fracasso eminente e retumbante dos seus planos golpistas”.
O comunicado lido por Padrino salienta que o vídeo foi difundido aquando da chegada aos Estados Unidos do candidato presidencial da oposição, que reclama vitória sobre Maduro nas eleições de Julho de 2024.
Acusando Washington de usar a oposição, o comunicado afirma que González Urrutia não tem o apoio popular e muito menos o respeito da instituição militar que repetidamente tem “ofendido e menosprezado”.
Por outro lado, acusam González Urrutia de “com cinismo, palavras impróprias” referir-se à paz, à estabilidade e ao bem-estar dos venezuelanos, quando tem solicitado sistematicamente a aplicação de sanções económicas e de medidas coercivas unilaterais que têm causado danos ao povo, incluindo aos militares e suas famílias.
O candidato da oposição Edmundo González Urrutia afirmou no domingo que deveria “assumir o papel de comandante em chefe” das forças armadas na próxima sexta-feira, para quando está prevista a tomada de posse do novo Presidente.
“De acordo com a constituição (...) devo assumir o papel de comandante-chefe” do exército em 10 de janeiro, declarou o antigo embaixador de 75 anos.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho de 2024, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição afirma que o seu candidato, González Urrutia, que se exilou em Espanha, obteve quase 70% dos votos. Além da oposição venezuelana, vários países denunciaram a existência de fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente.
Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.
O CNE da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio desagregadas por assembleia de voto.
Em 02 de janeiro, as autoridades venezuelanas ofereceram uma recompensa de 100.000 dólares norte-americanos (97,4 mil euros) por informações sobre o paradeiro de Urrutia.
O Presidente toma posse em 10 de janeiro de 2025 para um mandato de seis anos. A dias da tomada de posse, Maduro avisou já que o poder presidencial no país “jamais cairá nas mãos de um fantoche da oligarquia e do imperialismo”.
“Esta casa é a casa do povo. Agora e sempre”, afirmou, num vídeo divulgado no Instagram.
Em 03 de janeiro, o Governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para “garantir a paz” antes e durante a tomada de posse.