De há uns anos a esta parte tenho vindo a aperceber-me de que muitos dos que me rodeiam não passam de papões.
Em pequeno temia o bicho papão. Imaginava-o no escuro e, talvez por isso, tenha dormido com a minha avó até quase ter barba.
Ainda nos tempos de escola lembro-me de uns quantos papa-açordas que, tal como eu, tinham 3 a educação física. Confesso que cambalhotas e piruetas nunca foram o meu forte. Não raras vezes levava atestados médicos a confirmar a minha incapacidade física para a execução de tão belas acrobacias. Era a vantagem de ter uma relação próxima com o pediatra. Tão próxima que havia dias que até me cruzava com ele em casa ao pequeno-almoço. Que saudades.
Depois, nos tempos de faculdade, cruzei-me com um papa-livros. O Ramiro sabia mais que os professores. Mas é que sabia mesmo.... Fazia-lhes perguntas que eles não sabiam responder. O problema foi a depressão que “apanhou” e o fez suspender os estudos. Coitado. Se tivesse feito como eu que nem os abria para não os estragar, aposto que a esta hora era Professor Doutor ou Mestre. Sei lá...
Mais tarde, rodeei-me dos papa-todas. Ia para a noite com alguns que se gabavam de terem papado meio Funchal e arredores. Tenho para mim que mais de metade daquilo era só garganta, mas fazer o quê? Era ouvir, calar e pedir a Deus que lhes desse te...nto na língua.
Já hoje em dia o que está na moda é ser papa-todos... Calma! Não é isso. Estou a referir-me àqueles que se julgam mais espertos que os outros. Que furam as filas de trânsito ou do supermercado. Ou vá. Dos carrinhos de cesto, como o Sr. Primeiro-Ministro britânico fez. Sim, consta que sua excelência chegou e passou à frente de gente que já lá estava há mais de 3 horas à espera da sua vez... Resultado? Foi vaiado (inclusive por alguns bifes) e está a ser ponderada uma moção de censura. Não é para menos.
Porém, o que vale é que nem todos os papas são maus. E há até quem diga que o próximo sumo pontífice pode vir a sair do meio de nós. Segundo li, D Tolentino de Mendonça está na lista de cardeais papáveis (só a mim é que isto soou estranho?). Mais, acrescenta-se que figura entre os 22 mais prováveis a suceder a Francisco. Quem diria? A Madeira, sozinha, a fazer frente à Argentina... Sim, Messi e Bergoglio de um lado, Ronaldo e Tolentino do outro. Lindo!
Mas mais lindo é perceber que o hipotético futuro Santo Padre sempre teve jeito para a coisa. Ao que parece, nem 10 anos tinha e já brincava aos padres e aos altares. Não sou eu que o digo. É a tia! Segundo a senhora, entrevistada recentemente, a sua própria filha e o sobrinho, muito amigos na infância, tinham como habitual passatempo, brincar aos altares, aos padres e aos acólitos. “Entretinham-se com coisas sérias”. Já eu, o mais próximo que fazia era quando fazia asneiras. Prometia rezar terços, caso o meu pai não soubesse...
Quem também não tem dúvidas que ele seria um óptimo papa é a vizinha da porta da frente do apartamento das irmãs do cardeal, mas que não quis dar a cara nem ser identificada. Ainda assim não se coibiu de dizer que ele foi muito importante durante a doença da mãe. Só que, entretanto, a senhora já faleceu. Infelizmente o senhor é impecável. E é que eu sei! Mas também não faz milagres...
Já Alberto Olim, presidente da junta de freguesia de Machico, não escondeu o orgulho. “Afinal de contas, Machico seria a terra do Papa. Não é uma coisa qualquer”. E eu concordo em absoluto! Assim sempre ficavam por cima do concelho vizinho que também teve um papa... Mas esse era mais criancinhas. Esqueçam. Não está mais aqui quem falou.