Montenegro iniciou hoje três dias de luto nacional e o Governo anunciou uma operação urgente de apreensão de armas ilegais no país, depois do tiroteio na quarta-feira que provocou doze mortos, incluindo duas crianças.
O atirador, um mecânico de 45 anos, disparou sobre várias pessoas num restaurante da cidade de Cetinje (sul do país), disse o chefe da polícia nacional, Lazar Scepanovic.
Após uma altercação com um cliente com quem estava no restaurante, o agressor saiu do local, “provavelmente para procurar a arma”, regressando pouco depois com uma pistola nove milímetros, matando quatro pessoas e ferindo outras três, adiantou Scepanovic em conferência de imprensa.
Segundo as autoridades, as outras vítimas foram mortas em quatro locais diferentes desta cidade de 13 mil habitantes, situada a 36 quilómetros a oeste da capital, Podgorica.
São duas crianças, irmãos nascidos em 2011 e 2016, três mulheres e sete homens, referiu o chefe da Polícia de Montenegro, adiantando ainda que foram mortos em “trinta minutos”.
O homicida deu um tiro na cabeça seis horas depois, quando estava cercado pela polícia, e morreu durante o transporte para o hospital.
Esta tragédia ocorreu menos de três anos depois de um tiroteio nesta mesma cidade, onde um homem de 34 anos matou dez pessoas, incluindo duas crianças, em agosto de 2022.
Do total de feridos, três estavam em estado grave na manhã de hoje, enquanto o quarto, com um ferimento na cabeça, estava numa situação muito crítica, disse o diretor do hospital de Podgorica, Aleksandar Radovic, aos jornalistas.
Os montenegrinos reuniram-se hoje à noite em várias cidades do país, nomeadamente em Cetinje e Podgorica, para acender velas em homenagem às vítimas.
“Tristeza, silêncio. Esta não é a primeira vez. É o resultado do porte descontrolado de armas. Temos boas leis, mas é óbvio que não são respeitadas”, declarou à agência AFP, em Podgorica, Boro Bozovic, de 76 anos.
O Presidente do país, Jakov Milatovic, e o primeiro-ministro, Milojko Spajic, juntaram-se aos residentes de Podgorica na praça central da cidade.
O Conselho de Segurança Nacional deverá reunir-se na sexta-feira para discutir “ações urgentes” e “desafios na deteção e apreensão de armas ilegais”, bem como o recrutamento de agentes policiais, informou o Governo em comunicado.
Segundo as autoridades, a polícia precisa de cerca de dois mil agentes adicionais.
De acordo com o Small Arms Survey (SAS), um programa de investigação suíço, estão em circulação no Montenegro cerca de 245 mil armas de fogo.