Representantes do Governo de Nicolás Maduro e da oposição liderada por Juan Guaidó, vão retomar, sexta-feira, nova ronda de negociações no México, com a mediação da Noruega, tendo no horizonte as eleições regionais de 21 de novembro.
As negociações, que deverão prolongar-se por três dias, têm lugar na sequência das negociações iniciadas em 13 de agosto último e que levaram, segundo a imprensa venezuelana, o regime a libertar o político opositor Freddy Guevara, e a Plataforma Unitária da Venezuela a anunciar que participará nas próximas eleições venezuelanas.
Segundo o Presidente Nicolás Maduro, na nova ronda de negociações "a Venezuela vai apresentar uma petição firme com todas as exigências para a recuperação da economia do país" e "exigirá que sejam levantadas todas as sanções" contra e empresa estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA).
Também que sejam devolvidas as reservas de ouro que se encontram no Banco de Inglaterra e os fundos que estão bloqueados, devido às sanções norte-americanas, em contas bancárias de vários países, incluindo no Novo Banco, em Portugal.
O governo venezuelano quer ainda a abertura de um "diálogo direto" com o Governo dos Estados Unidos, um dos mais de 50 países que apoiam o líder opositor Juan Guaidó.
Por outro lado, a oposição, apesar de ter anunciado que participará nas regionais de 21 de novembro, vai continuar a pedir garantias para que as eleições sejam "livres e justas", no que diz ser uma etapa de um acordo de salvação nacional que permitirá afastar Nicolás Maduro do poder e convocar um governo de transição.
Beneficiado pelas primeiras negociações e libertado depois de passar mais de um mês em prisão, Freddy Guevara disse aos jornalistas que a oposição tem que "passar por um processo de convivência" das distintas forças políticas do país, incluindo com o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo), sem que isso implique conviver "com estruturas ditatoriais".
Em tal sentido a oposição quer o partido Vontade Popular (centro-esquerda), do qual fazia parte Juan Guaidó, deixe ser classificado pelo regime como "fascista e terrorista".
Enquanto o Governo venezuelano diz ter forçado a oposição a abandonar o caminho da violência, a participar nas eleições e a reconheça Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela, os opositores continuam a questionar as autoridades do Conselho Nacional Eleitoral e a insistir que o atual Chefe de Estado está "a usurpar o poder".
Representantes do Governo do Presidente e da oposição aliada de Juan Guaidó iniciaram na sexta-feira uma nova ronda de negociações, no México, com a mediação da Noruega, com a assinatura de um acordo de entendimento.
Na ronda de negociações de 13 de agosto, que decorreu no México, os representantes do Governo venezuelano e da oposição assinaram um memorando de entendimento manifestando a intenção de chegar a um acordo sobre "as condições necessárias para que se realizem os processos eleitorais consagrados na Constituição, com todas as garantias, entendendo que é uma necessidade levantar as sanções internacionais" impostas a Caracas.
Na agenda estão ainda temas relacionados com "direitos políticos para todos, o respeito pelo Estado constitucional e garantias para a implementação e acompanhamento dos acordos".
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres e democráticas.
Segundo diversas organizações, 5,6 milhões de venezuelanos abandonaram o país desde 2015, fugindo da crise.
A Organização de Estados Americanos (OEA) alertou recentemente que a emigração de venezuelanos poderá atingir os sete milhões até ao primeiro trimestre de 2022, superando os 6,7 milhões do êxodo da Síria.
Lusa