A violência doméstica continua a ser uma das questões sociais mais graves e urgentes em Portugal. De acordo com os dados mais recentes da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), no primeiro semestre de 2024, o número de vítimas acompanhadas já se aproxima do total registado em todo o ano de 2023 (1.655 vítimas em 2023 e 1.339 vítimas só no 1º semestre de 2024), o que revela um aumento considerável na procura por apoio e uma crescente necessidade de intervenção. Este cenário reflete a necessidade urgente de intensificar a prevenção e fortalecer as redes de apoio à vítima.
“Números Alarmantes e Respostas Decisivas”, afirma António Saraiva, Presidente Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa. “ Combater a violência é um compromisso que exige esforço contínuo e colaboração de toda a sociedade. Na Cruz Vermelha, trabalhamos para proteger, apoiar e capacitar as vítimas, assegurando que encontram segurança, cuidado e a oportunidade de reconstruir as suas vidas com dignidade”
Neste contexto, a CVP lança a iniciativa “Quebra o Silêncio”, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. O objetivo da iniciativa é dar voz àquelas que se encontram em silêncio e proporcionar apoio eficaz às vítimas, ao mesmo tempo em que sensibiliza a sociedade sobre a gravidade deste problema. A CVP pretende, assim, não só apoiar as vítimas, mas também atuar na prevenção, especialmente entre os mais jovens.
A CVP tem demonstrado um compromisso contínuo na ação e prevenção da violência doméstica, prestando acolhimento a mais de 600 vítimas e seus filhos menores. Em 2023, foram acompanhadas um total de 1.655 pessoas, das quais 269 eram crianças e jovens no âmbito das Respostas de Apoio Psicológico (RAP). Adicionalmente, mais de 6.000 vítimas receberam assistência através de serviços de teleassistência, e 2.073 vítimas foram transportadas para espaços de segurança. As suas 12 estruturas de Atendimento e Acompanhamento, 7 Casas de Acolhimento de Emergência e 1 Casa Abrigo têm sido fundamentais na prestação de suporte emocional, jurídico e psicossocial a milhares de vítimas e às suas famílias.
Em 2024, a CVP continua a investir em iniciativas de prevenção, com destaque para a APP “Play4Equality”, que visa sensibilizar adolescentes para a igualdade de género e o combate à violência no namoro e ao tráfico de seres humanos.
“A violência doméstica não pode ser silenciosa nem invisível. A Cruz Vermelha Portuguesa oferece o apoio necessário para que todos possam recomeçar e recuperar a autonomia sobre a sua vida. Vamos quebrar o silêncio e permitir que a voz de cada vítima seja ouvida”, reforça António Saraiva.
Com esta iniciativa, a CVP convida toda a sociedade a juntar-se à luta contra a violência doméstica e a contribuir para a criação de uma rede de apoio cada vez mais eficaz. A mudança começa com a ação de todos. Todos os dias.