O Chega estreou-se em eleições europeias conseguindo dois eurodeputados, mas falhou o objetivo da vitória estabelecido pelo presidente do partido, André Ventura, que assumiu a responsabilidade.
O Chega elegeu dois deputados ao Parlamento Europeu: o cabeça de lista e vice-presidente do partido, António Tânger Corrêa, e o ex-deputado do PSD Tiago Moreira de Sá.
Oficializado pelo Tribunal Constitucional no ano das últimas europeias, em 2019, o Chega manteve-se nestas eleições como terceira força política, mas obteve quase metade da percentagem de votos que conseguiu nas últimas eleições legislativas, o melhor resultado do partido até agora.
Durante as duas semanas da campanha oficial, e ainda antes, o líder do Chega estabeleceu como objetivo ficar à frente do PS e vencer as eleições europeias. Já o cabeça de lista traçou como meta a eleição de cinco eurodeputados e disse que se o partido tivesse um resultado abaixo do das legislativas ficaria abaixo das suas expectativas.
O Chega conseguiu hoje 386 mil votos, 9,79% de acordo com os resultados provisórios divulgados, enquanto a 10 de março tinha alcançado perto de 1,2 milhões de votos (18,07 %).
Em Faro, distrito que venceu nas legislativas, o partido liderado por André Ventura ficou agora em terceiro lugar.
Nestas eleições europeias, o Chega não conseguiu vencer em nenhum distrito, mas entre os emigrantes foi o partido mais votado na Roménia, na Suíça, na África do Sul, na República Democrática do Congo e no Brasil.
O presidente do partido recusou durante a campanha que o crescimento do Chega tenha sido um epifenómeno e apelou aos apoiantes e os eleitores que mostrassem precisamente isso nas urnas.
André Ventura reconheceu que o Chega “não atingiu nestas eleições os seus objetivos” e assumiu a responsabilidade pelo resultado.
“Sou eu o único responsável desse resultado”, salientou no discurso no final da noite eleitoral, num hotel em Lisboa, depois de conhecidos os resultados.
Ainda assim, o presidente do partido destacou a eleição de dois eurodeputados, nesta que foi a primeira vez que se candidatou, e também que o Chega se mantém como terceira força política.
O líder do Chega considerou que “é impossível falar de uma derrota” e também que “não foi uma vitória assim tão grande”.
Ventura recusou também “extrapolar destas eleições resultados de eleições legislativas ou de outras” e defendeu que são “completamente diferentes, votou muito menos gente, não se estava a escolher o candidato a primeiro-ministro”.
E garantiu que “o Chega entra em todas as eleições para vencer”, salientando que “amanhã começa a trabalhar para vencer, cedo ou tarde, o Governo de Portugal”.
Questionado sobre a família política que o Chega vai integrar no Parlamento Europeu, André Ventura adiantou que “vai haver uma reunião em Bruxelas, na quarta-feira, de líderes do ID”, onde espera participar, prometendo novidades a partir desse dia.
Já o cabeça de lista, reconheceu que “hoje não foi um dia bom para o Chega”, mas não soube identificar o que correu mal, e disse ser uma pena” o partido ter conseguido apenas dois lugares no Parlamento Europeu.
António Tânger Corrêa, que foi embaixador durante várias décadas, indicou que vai “representar Portugal, representar os portugueses” no Parlamento Europeu.