MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

10/09/2024 06:00

1. DESPREOCUPADO OU A VIVER NO LIMITE, não consigo decidir qual o melhor adjetivo para classificar o Presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque. Deve ser perigosamente libertador conseguir levar a vida tão despreocupadamente ao ponto de estar a apanhar sol na praia do Porto Santo, sabendo que, certamente, iria ser fotografado, enquanto meia Madeira estava a arder. Talvez seja esse o segredo do sucesso na política. Não se preocupar tanto. Se Albuquerque sobreviveu ao avião da Força Área, o que são umas quantas serras a arder? Tranquilo.

2. “TIVE QUE ENCERRAR A CASA QUE TEMOS NO PORTO SANTO”. Se me tivessem contado, não teria acreditado que fosse verdade. Ainda bem que ficou gravado pela RTP/Madeira senão acharia, até hoje, que me estavam a dar uma peta. Pedro Ramos há de ganhar o prémio de frase do ano, naqueles “inquéritos” que os jornais gostam de fazer para apurar a personalidade política do ano e etc. Deu a desculpa mais esfarrapada para justificar a sua ausência da Região. É, mais ou menos, aquele aluno do primeiro ciclo, que diz à professora que o cão lhe comeu o trabalho de casa. A irresponsabilidade está ao mesmo nível.

3. ESPALHA BRASAS. Como transformar um incêndio florestal em um incêndio político? A inconsequência dá-nos a resposta. Miguel Albuquerque parecia o imperador Nero, a tocar harpa enquanto Roma ardia. Os únicos fogos que os nossos governantes estavam dispostos a apagar no mês de Agosto, era na praia do Porto Santo. Mas quis o destino que tivessem de interromper as férias à força, para vir prestar contas aos eleitores do combate aos incêndios. Tamanho absentismo e relutância seria de admirar, caso não estivessem há tantos anos no poder. Este é o preço que se paga pela longevidade na política. Já pouco coisa impressiona, caso contrário, seriam muitos anos em constante sobressalto e preocupação. No final de contas, o maior incêndio do ano, já tinham conseguido apagar: ganhar as eleições de 26 de Maio.

4. PARLAMENTO DE FÉRIAS. O incêndio, que deflagrou a 14 de Agosto, atingiu 3 concelhos, ardeu mais de cinco mil hectares em 13 dias e mesmo assim o Parlamento Regional ainda não realizou uma sessão plenária. Se fosse na Assembleia da República o assunto dos incêndios já tinha sido escrutinado até à exaustão, sobretudo, quando existiram erros graves de gestão por parte da proteção civil. Por cá, dá tempo.

5. COSTAS QUENTES. Pensávamos que com a perda de maioria absoluta pelo PSD/Madeira, que os nossos governantes fossem andar mais na linha. Um governo minoritário é sempre mais zeloso na sua atuação, porque ao mínimo deslize pode ser apresentada uma moção de censura no Parlamento e serem convocadas eleições antecipadas. É o que normalmente acontece nas democracias europeias, mas parece que na Madeira somos sempre a exceção à regra. O nosso governo está mais seguro do que nunca e quem o garante é a oposição. Sim, existe uma oposição - mas está no bolso da maioria. O Chega, a IL, o CDS e o PAN garantiam este governo antes da mega investigação por corrupção e garantem-no agora. Depois de tudo o que tem acontecido, o que interessa é que todos mantenham o seu lugar. O PSD tem as costas quentes. Prova disso é que, com ou sem incêndios, este governo é para continuar. Já repararam que o burburinho que se gera em torno de alguma polémica é sempre para inglês ver? Que luxo, ter a sua própria oposição. Levaram mais de 40 anos, mas por fim conseguiram, neutralizar a oposição digna desse nome.

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