Deus quer salvar o seu povo como havia prometido a Abraão e seus descendentes.
A situação política em Jerusalém é uma autêntica catástrofe, os reis de Damasco e de Samaria querem obrigar o rei de Israel, Acaz, a entrar numa aliança com a intenção de escolher um outro rei para o substituir no trono de Jerusalém
Acaz, porém, tem pouca fé no Deus de Israel, já tinha imolado um seu próprio filho ao ídolo Moloc, o baal dos pagãos, escrevera ao rei da Assíria para combater os reis de Damasco e da Samaria, dizendo com habilidade astuciosa e política: “Eu sou teu servidor e teu filho, manda ele dizer, vem libertar-me”. Quem não pode admitir tal derrota é o profeta Isaías, porque Deus tinha prometido a David que a sua dinastia havia de subsistir, contanto que os seus reis tivessem confiança no Deus de Abraão, Isaque e Jacob. Isaías sente que Deus o impele a agir. Procura o rei Acaz e diz-lhe: “Estás desorientado, é tão simples o que Deus te pede, basta confiares no Senhor e pedir seu auxílio, lembra-te da nossa história da saída do Egito”. Acaz não aceita o desafio, por hipocrisia diz: “Deus me livre de aceitar o teu desafio”. Isaías responde-lhe: “Deus vai tomar a iniciativa e vai dar-te um sinal”.
“Uma jovem está grávida e dará à luz um Filho a quem chamará Emmanuel que quer dizer “Deus connosco.” A Jovem de quem se fala, na tradução da Bíblia dos chamados “Setenta” em grego, chama-lhe Virgem, e São Mateus escreve para que São José assuma a paternidade legal de Jesus:” Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel” ( Mat.1,23).
O profeta Isaías no versículo 9 do seu livro, apresenta o rei nesta circunstância, como “Filho adotivo de Deus,” dizendo: “Um filho nos foi dado”. O profeta anuncia a chegada de um príncipe que reúne em si, como se as possuísse por natureza, as qualidades dos seus antepassados, Salomão, David, Moisés e Abraão. Nesta ocasião Isaías procura restaurar as esperanças dos israelitas do Reino do Norte que partem a caminho para o exílio de Babilónia. Estes infelizes estão cegos porque lhes arrancaram os olhos como mergulhados na noite escura. Os Assírios usavam este costume bárbaro de cegar os prisioneiros, apesar disso o profeta Isaías diz-lhes para não caírem no desespero e escreve:
“O povo que caminha nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria como a da morte. Multiplicas-te o povo, eles alegram-se na tua presença como se alegram os ceifadores na ceifa... porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre os seus ombros, e, lhe foi dado este nome: Conselheiro maravilhoso, Deus-forte, Pai eterno, Príncipe da Paz”. Neste menino, nós cristãos, reconhecemos Jesus de Nazaré, que possui em último grau estes títulos. Este oráculo de Isaías é também atual para nós. Quantos homens e mulheres caminham ainda hoje explorados, exilados, torturados, esfomeados, mas Cristo Filho de Deus brilha na noite para acender a luz da esperança, do perdão e do amor. Este rei descendente da família de David goza de uma especial assistência do coração de Deus
Este oráculo está na origem das “árvores de Jessé” que se encontram nas pinturas, vitrais, livros de horas. Estas árvores terminam sempre numa flor que se abre, na qual vemos a Virgem Maria apresentado o seu Filho Jesus. “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento emergirá das suas raízes. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor.”