E no final do ano fazemos balanços, e listas. Aqui vão, aqueles que para mim, foram alguns dos melhores álbuns lançados em 2024, sem ordem, porque houve muitos outros, mas os caracteres não permitem muitas aventuras.
Hermanos Gutierrez - Sonido Cosmico: Da Suíça, via Equador, com passagem pela América Central, os irmãos Gutierrez trazem-nos um conjunto de músicas emotivas, através de guitarras que nos levam para uma banda sonora de um “spaghetti western” de Morricone. É a beleza sonora deste som cósmico.
Idles - TANGK: Ao quinto álbum os ingleses Idles deixaram a revolta e abraçaram o amor. Bem foi isso que apregoou Joe Talbot, o vocalista da banda. A verdade é que TANGK, continua a mostrar a pujança de Idles, mas num registo mais contido, afastando-se do tradicional Punk, que marcou o início da banda, este álbum mostra a expansão da banda de Bristol para a pista de dança, exemplo disso é o excelente “Dancer” que conta com a participação da força motora de LCD Soundsystem.
Yard Act - Where’s My Utopia? Continuamos por terras de sua majestade, mas vamos até Leeds. Ao segundo álbum Yard Act continua a cravar o seu legado através de uma abordagem mais vira para o dançável, entrando no campo dos já mencionados LCD Soudsystem. “We Make Hits”, é a mistura perfeita entre o início da banda e o seu estado atual, enquanto “A vineyard for the North” é a exclamação perfeita.
Nick Cave & The Bad Seeds - Wild God: Não é possível fugir, confesso. Sempre que Nick Cave lançar um novo disco fará parte da lista de melhores do ano. Wild God, é o regresso às canções, é o voltar ao lirismo, é o expandir o misticismo de “Jubilee Street”, é a orquestração plena de alguém que já deixou de procurar respostas, e que agora só quer perguntas. “É um álbum, que quando bate, bate”, disse Cave a falar dele, e quem sou eu para desafiá-lo?
The Cure - Songs of a Lost World: Dezasseis anos volvidos, voltamos a ter The Cure, para além do regresso aos álbuns, é o regresso sonoro aos tempos de “Disintegration”. É a melancolia gótica de Robert Smith, é majestoso e não há nada mais majestoso que o sentimento que Smith transmite num disco que parece contemplar o fim. “Alone”, a música que abre, é a fórmula perfeita de The Cure, é o começo lento, até começarmos a ouvir Smith, que parece estar a confrontar a sua mortalidade durante uns estrondosos quarenta e nove minutos.
Rafael Toral - Spectral Evolution: E agora para algo completamente inesperado.... Temos o português Rafael Toral que durante quarenta e sete minutos, tempo que leva este disco de faixa única, nos transporta para um mundo que mistura que música ambiente, jazz, electrónica, samples, numa força criativa que não é fácil de encontrar.
Kendrick Lamar - GNX: O mundo do hip hop teve um ano em polvorosa que a “feud” de Kendrick e Drake. GNX é o reflexo disso, é o fim de algo que ajudou a Kendrick criativamente e isso temos logo na abertura “Wacced Out Murals” conta com a participação da cantora mariachi Deyra Barrera, o que confere uma aura especial a um disco repleto de beleza.
Fred Again... - Ten Days: Não houve artista mais produtivo, mais ativo e que ganhou mais atenção que Fred Again... A ascensão do mesmo, embora pareça meteórica já vem de algum tempo, produzindo êxitos para nomes como George Ezra, Rita Ora, entre outros, Fred também teve a bênção do grande nome da música ambiente, Brian Eno. Com a pandemia veio o lançamento dos trabalhos a solo e a viragem, em definitivo, para a eletrónica. “Adore U”, com ajuda de produção Four Tet, é a música que elevou Fred Again... aos patamares mais altos da electrónica.