No passado dia 10 de outubro, o mundo celebrou o Dia Mundial da Saúde Mental, uma data criada em 1992 para aumentar a consciencialização sobre a saúde mental e os problemas a ela associados, bem como mobilizar esforços para melhorar os cuidados a nível global. Estes esforços devem também ser uma prioridade na Madeira. Contudo, numa região onde a falta de transparência - também na saúde - é gritante, seja pela ausência de relatórios sobre o Programa Regional de Promoção da Saúde Mental de 2019, seja pelos tempos de espera excessivos ou pela escassez de recursos especializados, é urgente transformar a saúde mental numa prioridade.
Importa reconhecer que os problemas de saúde mental na Madeira não são um problema isolado, mas também parte de uma crise global, como tem sido amplamente assinalado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e refletido no relatório sobre saúde mental do Parlamento Europeu. Com o aumento da prevalência de problemas de saúde mental, os diversos sistemas de saúde têm de estar preparados para responder de forma adequada.
Na Madeira, onde os tempos de espera para consultas prioritárias de psiquiatria podem ultrapassar os três meses, a situação é ainda mais alarmante. Numa região governada pelo mesmo partido há mais de 48 anos e onde a saúde é regionalizada, não há desculpas para a falta de progresso nesta área.
É essencial lembrar que não há saúde sem saúde mental. Tal como discutido pelo PS-Madeira e sublinhado por vários especialistas, o receio e o estigma em torno da acessibilidade aos cuidados de saúde mental, bem como aos tratamentos, continuam a ser barreiras significativas. Isto reforça a necessidade de uma educação para a saúde que inclua uma forte componente na prevenção, incentivando a procura de ajuda antes do agravamento das condições, de forma a melhorar o prognóstico.
A falta de recursos especializados, particularmente na área da pedopsiquiatria, é mais uma mancha para a governação PPD/PSD-Madeira. As crianças e os jovens são grupos vulneráveis, e carecem de acesso adequado a cuidados especializados, bem como duma forte componente de apoio no ambiente escolar, onde passam grande parte do seu dia a dia.
Este Dia Mundial da Saúde Mental deve ser um momento de reflexão que impulsione a ação. A implementação de estratégias regionais, não podem ficar guardadas na gaveta após números de comunicação com pompa e circunstância; o aumento do número de especialistas, a redução dos tempos de espera, o combate ao estigma e a atuação em todas as fases da prevenção são passos fundamentais que devem ser alcançados com urgência.
O governo regional tem a responsabilidade de garantir que a saúde mental recebe o financiamento e a atenção necessários. Este deve ser o ponto de partida para um compromisso com a saúde mental na Madeira, onde cada cidadão tenha acesso a cuidados dignos e de qualidade. Afinal, não há saúde sem saúde mental.