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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

6/08/2023 07:38

No Antigo Testamento, aparecem mais de dezenas de passagens nos quais os termos Paz e Bem se encontram em paralelismo. Em Isaías, 52,7, lê-se "Quão formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que evangeliza o bem."

No Salmo 34,15, a prática do bem e a procura da paz situam-se no terreno moral e ético, são a condição que deve cumprir o homem ou a mulher, o jovem ou a jovem, que ama a vida e quer gozar do bem.

Em todos os textos, a prática do bem, como categoria moral, é a condição que deve cumprir o ser humano para conseguir o bem, como categoria salvífica, seja de ordem terrena ou de ordem espiritual. Nos escritos dos profetas a prática do bem é exigida por Deus, que é Bom, e derrama o seu Bem sobre o povo. Paz e Bem, é uma fórmula que existe desde o segundo milénio antes de Jesus Cristo e chegou até os nossos dias. Quando chegou a plenitude dos tempos, a Paz e o Bem é uma Pessoa, é o Senhor, é Jesus Cristo.

São Paulo afirma-o claramente: "Cristo é a nossa Paz" (Ef.2,14) é nossa Paz porque nos pôs em paz com Deus, porque realizou a pacificação mútua entre os homens e mulheres, porque derrubou o muro do ódio e separação que o pecado erguera entre os homens e os têm divididos," porque mediante o sangue da sua cruz pacificou todas as coisas, as da terra e as do céu" (Col.1,20). A saudação "Paz e Bem" na boca de jovens, adultos e anciãos, resume todos os Bens que nos deixou o Redentor e autor desses mesmos Bens.

Nestes dias e semana das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), os olhos do mundo estão fixos em Portugal, pela visita do Papa Francisco e presença impressionante de jovens e alguns adultos, provenientes dos quatro cantos do universo. Bem-vindos todos os que vêm anunciar a Paz e o Bem, com a sua alegria, amizade, cânticos, esperança do futuro, para promover um diálogo harmonioso, superar divergências envelhecidas, encorajar a Paz e o Bem, e, concretamente, receber ou aprofundar a mensagem de amor, do Filho de Deus e da Virgem Santa Maria.

O Papa Francisco, espírito jovem num corpo fragilizado, é um paladino da Paz e do Bem, entre as nações divididas, entre ocidente e oriente, com uma mistura explosiva de história, diplomacia, política e eventos sensacionais e mortíferos. Ele convida a igreja a não medo de renovar a ação, aberta e tolerante perante as múltiplas divisões religiosas, fraquezas humanas, a ter os olhos e o coração bem abertos para os pobres, os infelizes, os idosos, e pecadores que somos todos nós, mas como o amor de Deus não tem limites, e perdoa as nossa culpas, foram os nossos irmãos, encerrados nas cadeias humanas que ergueram confessionários, para libertar os pecadores e frágeis, dos seus grilhões interiores e dar a possibilidade de receberem Cristo e reconstruírem o reinado de paz, bem e amor em nossos dias.

A Europa cristã envelheceu com o passar do tempo, com o muito dinheiro, a técnica, a fraude, o poder, a corrupção, arquivou e esqueceu o ardor dos fundadores da unidade, que, até na bandeira da União, colocaram as 12 estrelas da Mulher do Apocalipse, a Mãe de Cristo Redentor.

O Papa Francisco, mais de uma vez já referiu entre nós, a sua tristeza pela aprovação da eutanásia no ano das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa. Foi também de uma forma silenciosa, para não ofender as vítimas, nem sujeitá-las a interrogações escandalosas de jornalistas que se julgam imputáveis, que o Papa recebeu na Nunciatura, um grupo dos ofendidos por ministros da igreja. Disse que todos nós somos pecadores, embora com diversidade de faltas.

O Papa vem dar conteúdo à nossa esperança, recuperar o valor simbólico da juventude, entusiasma-se com a sua alegria, proximidade de cores diversas, paciência em dormir em armazéns, sofrer com tanto calor, sorrir, dançar, gritar bem alto, mas isto não basta para umas Jornadas, eles são chamados a serem protagonistas o Papa Francisco da mudança, a alma do mundo novo. Em Cascais, deixou uma pintura que é um mandamento antigo e sempre novo, a pintura do Bom Samaritano. As Jornadas terminam no domingo do Transfiguração do Senhor, a todos os crentes e até menos crentes, pelo batismo e confirmação foi confiado por Deus o mistério salvífico desta Transfiguração.

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