A verdade é que nesta encruzilhada pandémica, infelizmente, verificamos que são os frágeis, os que pouco ou nada têm que mais sofrem, que mais desesperam, e que, por vezes, cometem atos de loucura fruto do desânimo em que se encontram.
Penso nos trabalhadores que perderam a sua fonte de rendimento, nos empresários que fecharam ou estão prestes a encerrar os seus negócios, nas crianças que em casa não têm a desejada estrutura de apoio, nos jovens a quem a pandemia lhes tirou a possibilidade de viverem uma adolescência e uma juventude em plenitude, nos que estão doentes e que confinados não têm um familiar ou amigo que lhes possa acudir nas necessidades mais básicas, nos nossos velhinhos a quem a solidão se encarrega de enfraquecer as suas estruturas vitais e em tantos outros que foram esquecidos…!
Depois vamos assistindo a um tremendo ruído…, na aprovação de uma lei que atenta contra o primado da vida, na atribuição de vacinas a uns em detrimento de outros, nas escolhas de "A" ou "B" para o cargo "Y" ou "X" por virtude da ligação que têm a "C" ou a "D", na emissão de pareceres que colocam em causa a independência, a idoneidade das principais estruturas de uma democracia. A transparência é preterida, tal como a competência, o zelo, e a capacidade para fazer cumprir "a Justiça mais do que o Direito, e o Direito mais do que a Lei".
Entretanto, o desânimo e o cansaço levam ao aparecimento de mensagens de intolerância, de extremismos que parecem cativar todos aqueles que estão desiludidos com os partidos que até há pouco tempo os representavam.
Necessitamos de pessoas que comuniquem connosco com a autoridade que vem da coerência, da verdade e não de um vazio que tem na aparência o seu expoente máximo.
No relatório anual da organização não governamental "Transparência Internacional", infelizmente, Portugal ficou no 33.º lugar no Índice de Transparência correspondendo à pontuação mais baixa desde 2012.
O nosso país iniciou a caminhada na luta contra a corrupção e tem de continuar a fazer o seu percurso para que num momento tão difícil como o presente todos percebamos que os nossos políticos procuram o bem do país e já não o do seu partido.
Está chegada a hora de combater o bom combate em que os necessários intervenientes, bastando-se com o bem comum, devem de um modo são, genuíno, reconhecer onde se falhou e alcançar o que deve ser feito para que Portugal estenda a mão da Transparência, da Saúde, da Justiça, da Educação a todos os portugueses, principalmente aos mais fragilizados.
"Que cada um de nós não se baste com a idolatria da comodidade, que cada um de nós vença, sempre, a tentação do recuo, do desânimo e que as nossas mãos vazias encarem cada tempo como uma nova oportunidade para construir a vida, uma sociedade justa que exige dos nossos políticos decisões responsáveis que não são compatíveis com o imediatismo e com a ausência de verdade!