Diz que clamou por elas aos quatro ventos, rogou, suplicou, esquadrinhou, esgaravatou, mandou levantar todas as pedras, mas admitiu dificuldades em encontrar mulheres disponíveis. Segundo a coordenadora das mulheres sociais-democratas, Lina Lopes, há muitas mulheres no PSD capazes e interessadas na política, mas o problema está nas estruturas do partido que não indicam nomes para aceder aos cargos. Ainda lembrou a quota dos 40% e iniciou um processo de recrutamento via Whatsapp para "ajudar".
A estrutura da mulheres sociais-democratas da Madeira não se pronunciou. Ah! Que parvoíce a minha! Com a idade, uma pessoas fica meio esquecida. Pois claro, não existe, porque o partido da Madeira não gostou da ideia de ter um grupo de senhoras organizadas no seu interior a bradar por cumprimentos de quotas e perdeu-se, digo-o sinceramente, uma oportunidade para dar uma voz importante às mulheres na Madeira no campo da política e no que às questões da governança diz respeito. Por isso, por cá, nem foi preciso justificar que não se encontraram mulheres disponíveis para as listas. Como se sabe, aqui, no partido do governo, o que conta é o mérito e não se pode candidatar presidentes de câmara femininas sem as competências extraordinárias e comprovadas dos candidatos masculinos sociais-democratas. Elas bem se fazem ver em frente da mesa da direção e no palanque e nas intervenções na imorensa, mas, do outro lado, no momento em que as mulheres políticas demonstram o seu mérito, andam à procura de uma caneta que caiu no chão para debaixo da cadeira e não as ouvem. Ups! No entretanto, ficamos sentados e ninguém nos tira daqui, principalmente as mulheres que querem os nossos suspensórios.
Fiquei a matutar nesta incapacidade de encontrar mais do que 10% de mulheres disponíveis para as autárquicas e de não haver ainda nomes femininos apontados na RAM pelo PSD Madeira. Ora, o PS tem até agora quatro mulheres na corrida para a presidência de câmaras na Região. A única razão que encontrei foi a de que as mulheres do PSD nacional e as de cá tiveram acesso aos mimos com que as políticas socialistas são presenteadas por alguns (sublinho "alguns") políticos. Se falam com mais veemência, estão "nervosinhas" ("naquela altura do mês", entre dentes); se demonstram competência, são "arrogantes e sobranceiras"; se são novas e bonitas, são mimadas com sorrisinhos e bisbilhares cúmplices de Don Juans de bancada; se se queixam do despovoamento e dos problemas demográficos, devem ir para casa e fazer filhos, que é para isso que servem; se falam verdades incómodas, são "agressivas e mal educadas"; se denunciam, são pindéricas e histéricas, mulheres medusas guiadas por raivas internas e péssima relação com a figura masculina, mamonas assassinas. Porque, se a guerra política é para cavalheiros, não o é para donzelas e damas. Como as mulheres do PS já estão habituadas a isto, estão prontas a ser presidentes de câmara e, por isso, disponíveis.
Se as mulheres são mais de metade da população, porque é que a nível nacional só há no PSD um décimo de mulheres candidatas aos cargos de maior relevância do poder local e na Madeira zero? O que se pode concluir é que ainda há um limite na representação dos interesses e direitos de uma parte da população e que é necessário e urgente uma mudança de paradigma: um em que as mulheres na política não são "outras", uma espécie de minoria a proteger, mas componentes fundamentais da sociedade com o mesmo direito de participar na vida política que os homens. Às senhoras do PSD, irmãs de outro partido, desejo que não desistam. Estamos juntas.