Hoje, por várias razões e uma vez que a Poesia tem sempre o condão de iluminar, deixo-vos, não um artigo de opinião ou crónica de corriqueiros assuntos, mas sim uma curta selecção de poesia que os meus "Possuídónimos" (de quem está possuído por incógnita alma) me foram sussurrando ao ouvido, ao longo do tempo, por esse mundo fora. Não considera ter jeito para Poesia, mas a existência é um palco cheio de poéticas brisas que sempre vão atentando a pessoa. Desejo a todos um Dezembro com saúde. Até…
QUANDO EU ERA GRANDE
Saudades de quando era grande, mesmo que pequeno em tamanho
Não sei se são nostalgias se novos, do eu, sinfonias!
Saudades dos sonhos caberem em mim, me sentir indomável, ser fiel sem rebanho!
Não sei o que aconteceu para decrescer, para se acabarem as euforias.
Saudades da magia, do fogo na alma, de em utopias embarcar
Cansado das seriedades, das coisas, de tudo um pouco.
Arrebatado de simples luzes onde caminhar
Avassalado pela força do que nos foge ao controlo, pela força dos lugares que não são nossas casas.
Saudades de quando era grande
Sem ser acabrunhado e resignado
Acabado para muito, nascido para o incerto
Saudades de quando era grande
Uma vida ouvindo em saudades de ser pequeno
Tenho saudades de quando fui grande
Pequeno? Isso sou agora!
Engenheiro de mil contos, Junho de 2019
CIDADES E FANTASMAS
O mendigo que mendiga, o fanfarro que fanfarra
Gente que não há quem diga, momentos que não se agarra
O rastejante que rasteja, o corcunda que resmunga
Os vultos que não há quem veja, o crente que não comunga
O homem que grita ser bom, o chão que o relega a ser cão
Ignorar parece de bom tom, mesmo que o íntimo diga que não
Carcaças que caminham na vertigem, carne que oculta fantasmas
Dores que as vivências infringem, que pode acudir certas almas?
Cidades e Fantasmas, ninguém os vê, ninguém os crê
São Fantasmas!
Todos os carregam porquê?
Um João, Cardiff 2019