Deparo-me, não raras vezes, com um défice de libido por locais muito frequentados. Até na alimentação noto diferença. À medida que vou comendo, vou perdendo o apetite. E isso preocupa-me. Talvez não fosse má ideia procurar ajuda…
No entanto, antes de ir ao médico decidi ir ao Dr Google. Ele é que sabe. Os outros cá são uns sapateiros que só querem exames em cima de exames e passar medicação a torto e a direito. Após várias opiniões, que é como quem diz dois ou três links, surgiu o diagnóstico. Sofro de envelhecimento precoce! Tenho 37, cabeça de 8 e corpo de 80. Bem que a minha mulher se queixava… Talvez seja hora de lhe dar mais ouvidos (enquanto funcionam). Faz tempo que já me vem dizendo que pareço um velho. Que antes dava uma, dava duas, dava três (quando não eram quatro) horas da manhã e eu não reclamava. Que já não sou o mesmo. Que não sei mais o quê. Mas eu achava sempre que era apenas e só por ser mulher. Mulher reclama e ponto! Faz parte. O melhor é nem responder. Mas, desta vez, tenho que dar-lhe razão…
Salvo raras excepções, eu marco jantares com pessoas e fico a torcer para que elas desmarquem. Já quando sou eu o convidado costumo deixar em aberto. "Vou ver a agenda dos miúdos". Depois, pergunto quem vai. Onde vai ser. A que horas começa. O que será a comida. Eu sei lá… Casamentos e batizados então?! Eu dou prenda. Juro. Mas procuro ter compromisso para essa data. E se não tiver, arranjo. Mesmo que seja um programa só comigo. E decidido na véspera… Arraiais? Já fui. No tempo em que eram de um dia ou dois. Já na altura era meio sacrifício, então agora que duram semana, semana e meia?! Seria um suplício, na certa.
Outra coisa que me aflige é rede social. Tenho pavor. Sonho que tenho seguidores. Acordo em pânico. A maior parte das vezes eu ando perdido. Nem eu sei para onde vou… Iam seguir-me para quê? Expliquem-me. Para se perderem comigo? Para verem o que comia e comerem o mesmo? Que decepção seria. Um prato de milho e bife de atum com molho vilão. Nada gourmet. Fora de moda, eu sei. Eu mesmo, aqui há tempos, não gostava. Mas agora não o troco nem por um risoto de caviar! Olhem, deve ser mais um sintoma… Perda de fineza no paladar.
E no pedalar? Vou de mal a pior. Se antes dava caminhadas pelos shoppings e só pedia que os ampliassem uns 4 ou 5 quarteirões, agora canso-me só de pensar que tenho que ir ao supermercado. E quando não tenho alternativa, procuro escolher uma hora morta…
E então não é que há dias, julgando que seria uma dessas épocas baixas de afluência às caixas, pensei resolver as compras da semana. Sim, da semana. Que lá se foi o tempo de abastecer para o mês… É muita coisa para carregar e eu nem sei se duro tanto tempo. Mas voltando ao que estava a escrever, quando cheguei à superfície comercial, reparei numa quantidade anormal de gente. Primeiro pensei que fosse um cordão humano pelas vítimas de abuso sexual. Olhei melhor e não era. Estavam todos de costas voltadas. Julguei então que pudesse ser uma manifestação pelo aumento do custo de vida. Cá nada. Afinal de contas isto nunca esteve tão bom… Curioso, português e velho, fiz o que me competia. Perguntei a que se devia aquele ajuntamento. Era para comprar bilhetes para os Coldplay!!!
Lá estou eu a ser acometido de mais uma crise… É preciso tanta coisa para ir ver uma banda com um nome tão reles? Se ainda fossem os Minhotos Marotos. Os Buraka. Os Irmãos Verdades. Os Azeitonas… Vá, os Galáxia! Mas o Jogo Frio?! No entanto devo ser caso raro. É que eu juro que vi vídeos de gente a correr assim que as portas abriram. Uns iam por um lado. Outros por outro. Pareciam os Jogos sem Fronteiras. Perderam as estribeiras. Os bilhetes, esses, esgotaram em menos de nada. Por sorte, abriram segunda data. E terceira. Até quarta, e última, até ver. Mas, se não tiveram sorte, ao menos tenham calma. Consta que estão a negociar para que actuem no Natal dos Hospitais. Será a 23, 24 e 25 em Santa Rita, no Hospital Novo. Já falta pouco…
Ps, hoje é dia de festa! O meu primeiro mais-que-tudo faz 69. Parabéns pai. Julgo que é a primeira vez que atinges um número depois de já o teres feito há muito. Não sei. Digo eu. Mas também se não o fizeste, penso que já não o fazes… Só tentas (70). Paciência. Que contes muitos, ainda assim. Eu e tantos outros precisamos de ti! Um abraço do teu filho preferido.