Os incêndios de agosto deixaram um rasto de destruição pela ilha, mas não só mancharam a paisagem da Região, como também ofuscaram, por completo, a alegria, o convívio e a tradição que marcavam a quadra festiva de mais de uma centena de pessoas, provenientes das 36 famílias da Fajã das Galinhas que se viram obrigadas a abandonar as suas casas.
Tatiana Gonçalves, o seu esposo e os três filhos não precisam de expor os rostos para mostrar que são o exemplo de um dos vários agregados afetados emocionalmente por terem de abdicar do seu bem material mais precioso – o lar – de modo a evitar que o pior se abatesse sobre as suas vidas, dado o risco de derrocadas que agora assombra aquele sítio. Este será, deveras, “o pior Natal” que alguma vez vivenciaram, confessa, em entrevista ao JM.
Convívio passou à história
Uma quadra festiva, que envolvia um aglomerado de pessoas, em que no ar pairava a animação bem característica dos convívios natalícios, passou, este ano, a ser sinónimo de uma refeição a cinco, onde dificilmente haverá espaço para a felicidade à mesa.
“Costumávamos ir almoçar a casa da minha cunhada. À tarde juntávamos a família toda, envolvendo irmãos, cunhados, primos, primas, netos, bisnetos... erámos à volta de 30 a 40 pessoas”, recorda, no preciso momento em que começa a ser dolorosamente difícil segurar as lágrimas.
Além do mais, Natal era dia de visita obrigatória à casa do bisavô do marido de Tatiana Gonçalves que, há um mês, faleceu, como se já não chegasse a tragédia que veio destabilizar esta e outras dezenas de famílias.
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