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Artigo de Opinião

Nestes dias de preparação para o Natal dou por mim a fazer memória dos dias em que as filhas escreviam a carta ao grande amigo de Jesus Cristo, o Pai Natal, e em que lhes pediam aquele presente que tanto gostariam de receber.

Sempre expliquei à Alice e à Laura que a 25 de dezembro numa terra muito distante, numa cidade chamada Belém, nasceu um menino muito especial, Jesus Cristo, que mais não é do que o rosto humano do Amor e que veio a este mundo para fazer o bem. É filho da Virgem Maria e de São José, seu pai adotivo, e que nasceu num local muito simples, num estábulo, pois todas hospedarias estavam cheias e aquele foi o único sítio disponível para receber aquele casal em que a mãe ia dar à luz um menino, o Menino Jesus.

Na noite de Natal sempre tivemos na nossa mesa o bolo de aniversário do Menino Jesus e sempre lhe cantámos os parabéns para, assim, fazer memória do seu nascimento.

O Pai Natal, esse grande amigo de Jesus Cristo, passou sempre lá por casa, antes da Missa do Galo, para deixar um presentinho. Expliquei-lhes que o Pai Natal ficou tão feliz com o nascimento do seu Amigo Jesus que desde então distribui presentes por todos os meninos e meninas como forma de festejar Aquele “que é semente do futuro da Humanidade”, que veio ao mundo para trazer uma nova forma de estar com todos, onde não reina a vaidade, nem a arrogância, nem a injustiça, mas, antes, a fé, a esperança e o amor e em que o mais importante é o Amor. Este nobre sentimento que coloca no centro da sua atuação a pessoa, principalmente, a mais fragilizada e com o olhar fito no bem comum.

A Alice e a Laura teimavam em colocar umas bolachinhas na janela da cozinha para as renas do Pai Natal e quantas vezes estes animais de porte considerável por ali passaram, por aquela simples janela, para saborear os doces da amizade, do carinho e da ternura.

A verdade é que as filhas, ao saberem que o essencial é invisível aos nossos olhos, acreditavam que as renas por ali tinham passado, pois as bolachas que haviam colocado na janela tinham desaparecido. Então, restava-lhes olhar para o céu e ver lá ao longe, já muito perto das estrelinhas, as renas com o Pai Natal que iam a grande velocidade em busca de outras casas, de outras famílias, para ali deixar outros presentinhos. Diziam-lhes adeus, desejando-lhes uma boa-viagem e pedindo-lhes que não se esquecessem de voltar no próximo ano.

No Natal, “A Festa”, o que fica na nossa memória e no nosso coração não são os presentes, mas, antes, estes gestos tão simples e puros que nos levam a ver para além do que é visível, que nos auxiliam a “cozinhar sonhos” e a continuar a ter esperança neste Mundo que teima em andar de candeias às avessas e que conheceu um Menino (Jesus) que nos fez conhecer a misericórdia.

Fixemos o nosso olhar no presépio que nos recorda uma história de fragilidade e em que percebemos que a nudez, a precariedade não é o fim, mas que nascimento tem por significado maior essa extraordinária capacidade de nos fazer florescer para tocar a vida do outro e transformá-la no seu melhor.

É ... “O Presépio somos nós / É dentro de nós que Jesus nasce / dentro destes gestos que em igual medida / a esperança e a sombra revestem / Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo / Dentro do riso e da hesitação / Dentro do dom e da demora / Dentro do remoinho e da prece / Dentro daquilo que não soubemos ou ainda não tentámos”.

Cada um de nós é uma personagem única e irrepetível do presépio da vida que não se retém na fragilidade e que em cada Natal renasce para que “nada continue na mesma e que tudo comece”.

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