Os lucros consolidados do Santander Totta duplicaram em 2022 para 606,7 milhões de euros, divulgou hoje o banco em comunicado.
A entidade bancária destacou que já os lucros recorrentes (que excluem a mais-valia decorrente da venda de um negócio a uma empresa do grupo) subiram 90,4% para 568,5 milhões de euros.
O Santander Totta é detido pelo grupo espanhol Santander, que hoje apresentou, em Espanha, lucros de 9.605 milhões de euros no ano passado, um valor recorde que representa um aumento de 18% em relação a 2021, revelou hoje o banco.
Questionado sobre dividendos, o administrador financeiro, Manuel Preto, não respondeu qual será o valor que será pago ao acionista, dizendo apenas que será feita uma proposta para ser levada à assembleia-geral de maio.
Manuel Preto afirmou ainda que tendo o banco tido lucros nos últimos anos, enquanto o BCE proibiu a distribuição dos lucros, agora o "nível de capitalização é extraordinariamente elevado" e "gerou um grande acumular de resultados em balanço".
"É normal que passado o período de proibição e estabilização de economia, todo dinheiro acumulado e que não foi entregue aos acionistas é normal que agora seja devolvido a quem tenha o seu capital investido", afirmou.
Sobre lucros excessivos, o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, considerou que o "lucro é bom para a economia" e que este é o primeiro ano em muitos em que "a rentabilidade é superior ao custo do capital" na banca.
"Uma rentabilidade de 30% talvez seja excessivo. Quando o custo do capital de um banco é 10% e a rentabilidade é 11% ou 12% não me parece excessivo", disse.
Em 2022, as principais rubricas de receitas aumentaram. A margem financeira do Santander Totta subiu 7,3% para 782,9 milhões de euros e as comissões líquidas 10,2% para 470,3 milhões de euros.
Já os custos operacionais caíram 8,1% para 486 milhões de euros, com as despesas com pessoal a cederem 6,6% para 263,4 milhões de euros.
O crédito total caiu 0,3% para 43,3 mil milhões de euros, tendo o crédito à habitação subido 5,5% para 23,1 mil milhões de euros. O rácio de malparado caiu para 2%.
Os depósitos subiram 0,2% para 38,5 mil milhões de euros.
Sobre os juros dos depósitos ainda não estarem a acompanhar a subida das taxas de juros, Castro e Almeida disse que tendo a subida das taxas sido tão rápida pelo banco central "é normal que se assista à subida dos depósitos" mas mais à frente. Contudo, adiantou, há outras alternativas aos depósitos e mais rentáveis, como certificados de aforro.
O gestor disse que há saídas de depósitos por dois grandes motivos, para amortização de créditos (habitação e pessoais) e para investimento em certificados de aforro.
As amortizações de créditos aumentaram 30% no último trimestre de 2022 face ao padrão anterior, disse.
No fim do ano passado, o Santander tinha 4.644 trabalhadores em Portugal, menos 161 do que em 2021. As agências eram 339, menos nove do que no ano anterior.
Pedro Castro e Almeida destacou que o banco subiu o ordenado mínimo para 1.400 euros, sublinhando que o valor "não tem truques de subsídio de almoço", e que a expectativa é que a massa salarial suba 7% este ano.
Sobre a decisão do Santander de subir salários em 4% a partir de janeiro e sobre se é com esse valor que querem fechar negociações que ainda decorrem com sindicatos, não respondeu, referindo que quiseram fazer já face à situação de inflação que sentem os funcionários.
"As negociações continuam e tenho a certeza de que naturalmente com sindicatos afetos à UGT, que é com quem temos tido conversas construtivas, podemos chegar a bom porto", afirmou.
Castro e Almeida foi ainda questionado sobre as declarações do presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em janeiro, quando Paulo Macedo disse no parlamento que a dimensão e os lucros atuais do banco público o tornam um operador ativo e, se fossem essas as circunstâncias em 2015, o Banif e Banco Popular não teriam sido vendidos por um euro. Segundo o presidente da CGD, é hoje "muito claro por que é que há bancos que cresceram na sua quota de mercado, para além do seu mérito", disse Macedo.
Hoje, em resposta, o presidente do Santander Totta afirmou que "nos tempos de sol a praia está cheia, nos tempos difíceis importa ver quem aparece".
Segundo o gestor, em 2015 não havia qualquer banco em Portugal disposto a pagar 150 milhões de euros pelo Banif e a colocar na segunda-feira seguinte 1,4 mil milhões de euros de liquidez, e sobre o Banco Popular afirmou que não havia outro grupo bancário que pudesse "levantar 7,0 mil milhões de euros no fim de semana como Santander levantou".
Lusa