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Afeganistão: Líder supremo talibã ordena aplicação ultra restrita de lei islâmica

JM-Madeira

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Data de publicação
14 Novembro 2022
12:34

O líder supremo dos talibãs do Afeganistão ordenou que os juízes do país passem a aplicar todas as penas da lei islâmica contra "crimes graves", incluindo execuções públicas, apedrejamentos, açoitamentos e amputação de membros, anunciou o porta-voz.

Numa mensagem divulgada através da rede social Twitter, no domingo à noite, o porta-voz dos talibãs, movimento fundamentalista que governa o país, Zabihullah Mujahid, esclareceu que a norma "obrigatória" partiu do líder supremo, Hibatullah Akhundzada, após uma reunião com um grupo de juízes.

Akhundzada, que não foi filmado ou fotografado em público desde que os talibãs voltaram ao poder, em agosto de 2021, governa o país por decreto a partir de Kandar, região situada no sul do Afeganistão e considerada o berço do movimento fundamentalista islâmico.

"Examinem cuidadosamente os casos de ladrões, sequestradores e insurgentes", escreveu o porta-voz, citando Akhundzada.

"Nos casos em que existam condições [para aplicar] a ‘sharia’ [lei islâmica], é obrigatório aplicar" todas as sanções previstas, acrescentou, sem avançar mais pormenores.

O líder supremo do movimento refere-se aos delitos considerados pela lei islâmica como os mais graves e para os quais são previstas penas rígidas, incluindo castigos corporais.

Nesta lista incluem-se o adultério, acusação falsa de adultério, consumo de álcool, roubo, crimes com violência ou ameaças, deserção e rebelião.

Segundo os estudiosos islâmicos, a condenação por alguma destas acusações exige um grau muito alto de prova, incluindo, no caso de adultério, a confissão ou testemunho de quatro homens muçulmanos adultos.

Quando regressaram ao poder, em agosto de 2021 - 20 anos depois de terem sido depostos pelos Estados Unidos, no seguimento dos ataques do 11 de setembro - os talibãs prometeram ser mais flexíveis na aplicação da ‘sharia’, mas, ao longo do tempo, a interpretação ultra rigorosa do Islão foi sendo retomada.

As autoridades passaram a punir em público os autores de roubos, sequestros e adultérios com penas como açoitamentos, amputações e apedrejamentos.

As mulheres, em particular, viram os direitos duramente conquistados nos últimos 20 anos evaporarem-se e estão cada vez mais excluídas da vida pública. A maioria perdeu o emprego ou recebe salários miseráveis para ficar em casa, além de enfrentar a proibição de viajar sem estarem acompanhadas de um parente do sexo masculino e a obrigação de usar burca ou ‘hijab’ (véu que cobre todos os cabelos) quando saem de casa.

Na semana passada, os talibãs também as proibiram de entrar em parques, jardins, pavilhões desportivos, ginásio e banhos públicos.

Lusa

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