A França considerou hoje que as acusações de genocídio israelita contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza, apresentadas pela África do Sul contra Israel perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), ultrapassam o limite moral.
“Acusar o Estado judeu de genocídio é ultrapassar o limite moral. Não podemos explorar a noção de genocídio para fins políticos”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, durante um debate na Assembleia Nacional francesa.
“Dizemos firmemente aos israelitas: ‘o respeito pela lei é exigido de todos, os ataques sistemáticos em Gaza devem parar’, mas as palavras têm um significado”, acrescentou Séjourné, nomeadamente pela forma como a palavra “genocídio” está a ser utilizada.
Na sexta-feira, o Governo alemão também rejeitou a acusação de “genocídio” apresentada contra Israel, vendo no processo o risco de uma “exploração política” da lei e considerando que é “desprovido de qualquer fundamento”.
Na última semana, o Tribunal Internacional de Justiça iniciou o processo movido pela África do Sul contra Israel.
Pretória acusou Telavive de genocídio contra a população palestiniana na sequência da operação militar que iniciou na Faixa de Gaza há mais de 100 dias, em resposta a um atentado do grupo islamista Hamas no território israelita, em 07 de outubro de 2023.
Contudo, cerca de um mês depois do início da intervenção militar, a comunidade internacional começou a criticar Israel, acusando Telavive de desrespeitar a lei humanitária internacional e de atingir indiscriminadamente o território, acusações que Israel rejeitou advogando estar sempre a atingir posições do Hamas no território palestiniano.
A África do Sul pediu na quinta-feira aos juízes do TIJ que imponham ordens preliminares vinculativas a Israel, incluindo a suspensão imediata da campanha militar israelita em Gaza. A presidente do tribunal, Joan E. Donoghue, disse que a África do Sul argumentou que as ações israelitas após os ataques de 07 de outubro do Hamas “têm caráter genocida”.
Israel rejeita as acusações da África do Sul. Na sexta-feira, durante uma audiência no TIJ em Haia, nos Países Baixos, Israel advogou que tem o direito à sua defesa.
A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.400 mortos, segundo as autoridades.
Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas, no poder em Gaza, e lançou uma ofensiva no território palestiniano que causou mais de 24 mil mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas.