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Jack Teixeira condenado a 15 anos de prisão por fuga de informação do Pentágono

Data de publicação
12 Novembro 2024
22:25

Uma juíza federal norte-americana condenou hoje a 15 anos de prisão Jack Teixeira, membro da Guarda Nacional Aérea do Massachusetts que se declarou culpado de divulgação de informação classificada do Pentágono.

Teixeira, lusodescendente de 22 anos, admitiu ter recolhido ilegalmente alguns dos segredos mais sensíveis dos Estados Unidos e partilhado na rede social Discord.

Os procuradores haviam pedido originalmente uma sentença de 17 anos para Teixeira, dizendo que ele “perpetrou uma das violações mais significativas e consequentes da Lei de Espionagem na história americana”.

Levado a tribunal vestido com o tradicional macacão laranja usado nas prisões norte-americanas, Jack Teixeira não demonstrou nenhuma reação visível ao ser sentenciado pela juíza Indira Talwani.

Antes de ouvir a sentença, o jovem desculpou-se pelas suas ações.

“Eu queria dizer que sinto muito por todo o mal que causei e trouxe”, disse Texeira, referindo-se ao “turbilhão” que causou a amigos, familiares e a qualquer pessoa afetada no exterior.

“Eu entendo que toda a responsabilidade e consequências recaem sobre os meus ombros e aceito o que quer que isso traga”, acrescentou, de pé, enquanto se dirigia à magistrada.

Posteriormente, Teixeira abraçou um membro da sua equipa de advogados, olhou para a sua família e sorriu antes de ser conduzido para fora do tribunal.

Jack Teixeira declarou-se culpado no início deste ano de seis acusações de retenção e transmissão intencionais de informações de defesa nacional sob a Lei de Espionagem, mais concretamente de divulgar documentos militares altamente confidenciais sobre a guerra na Ucrânia.

A violação de segurança fez soar os alarmes sobre a capacidade dos Estados Unidos de proteger os seus segredos mais bem guardados e forçou o Governo de Joe Biden a esforçar-se para tentar conter as consequências diplomáticas e militares dessa divulgação.

Os vazamentos causaram embaraço ao Pentágono, que reforçou os controlos para proteger informações confidenciais e penalizou membros que intencionalmente falharam em tomar as medidas necessárias sobre o comportamento suspeito de Teixeira.

Mais cedo, na audiência de hoje, o procurador-geral assistente dos Estados Unidos, Jared Dolan, argumentou que 200 meses — ou cerca de 16 anos e meio — eram apropriados, dado o dano “histórico” causado pela conduta de Teixeira, que auxiliou adversários dos Estados Unidos e prejudicou os aliados do país.

Também disse que a recomendação dos procuradores enviaria uma mensagem a qualquer pessoa nas Forças Armadas que pudesse considerar uma conduta semelhante.

“Será uma história preventiva para os homens e mulheres nas Forças Armadas dos Estados Unidos”, afirmou Dolan.

“Eles ouvirão que isso é o que acontece a quem quebrar a sua promessa, a quem trair o seu país... Eles saberão o nome do réu. Eles saberão a sentença que o tribunal impõe”, alertou.

Mas o advogado de Teixeira, Michael Bachrach, argumentou hoje em tribunal que 11 anos seriam suficientes.

“É uma sentença significativa, dura e difícil, uma que não será fácil de cumprir”, indicou Bachrach.

“Servirá como um impedimento extremo para qualquer um, especialmente jovens militares. Isso é o suficiente para mantê-los dissuadidos de cometer condutas sérias”, agregou.

Teixeira, de North Dighton, no estado de Massachusetts, admitiu que recolheu ilegalmente alguns dos segredos mais confidenciais do país e os compartilhou com outros utilizadores na plataforma Discord.

A defesa descreveu Teixeira como um indivíduo autista e isolado, que passava a maior parte do tempo ‘online’, especialmente com a sua comunidade no Discord. Advogaram que as suas ações, embora criminosas, nunca tiveram a intenção de “prejudicar os Estados Unidos” e frisaram que o jovem não tinha antecedentes criminais.

“Em vez disso, a sua intenção era educar os seus amigos sobre eventos mundiais para garantir que eles não fossem enganados por informações erradas”, escreveram os advogados.

“Para Jack, a guerra na Ucrânia foi a Segunda Guerra Mundial ou o Iraque da sua geração, e ele precisava de alguém para compartilhar a experiência”, acrescentaram.

Os procuradores, no entanto, argumentaram que Teixeira não sofre de uma deficiência intelectual que o impede de saber o certo do errado. Eles argumentaram que o diagnóstico pós-prisão de Teixeira como portador de autismo “leve e de alto funcionamento” “é de relevância questionável nestes procedimentos”.

Teixeira, que fazia parte da 102.ª Ala de Informações da Base Aérea da Guarda Nacional de Otis, em Massachusetts, trabalhou como especialista em sistemas de transporte cibernético, essencialmente um especialista em tecnologia da informação responsável pelas redes de comunicações militares.

A divulgação expôs ao mundo avaliações secretas da guerra da Rússia na Ucrânia, incluindo informações sobre movimentos de tropas na Ucrânia e o fornecimento de material e equipamentos para tropas ucranianas. Teixeira também admitiu ter publicado informações sobre os planos de um adversário dos Estados Unidos de prejudicar forças norte-americanas no exterior.

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