O Presidente eleito dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, anunciou esta semana que os empresários Elon Musk e Vivek Ramaswamy irão liderar um organismo federal que visa reduzir drasticamente a burocracia e os gastos públicos.
Musk e Ramaswamy ficarão à frente do novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) para redesenhar as estruturas federais e reduzir a burocracia e os gastos públicos, numa iniciativa apelidada de ‘Manhattan Project’, que visa implementar amplas reformas até ao dia 04 de julho de 2026, quando se irão comemorar os 250 anos da independência dos EUA.
“Um Governo mais pequeno, com mais eficiência e menos burocracia, será o presente perfeito para a América”, declarou Trump, demonstrando plena confiança na capacidade de Musk e de Ramaswamy para atingir tal objetivo.
Com estas escolhas, Trump visa reforçar as promessas de uma administração mais eficiente, assente na eliminação de excessos e da sobreposição de funções, mas também na redução da máquina governamental em até 75%.
Tais propostas foram lançadas por Ramaswamy, que chegou a disputar as primárias republicanas para a nomeação presidencial, que sugeriu cortes radicais em departamentos como Educação ou em agências federais como o FBI (polícia federal norte-americana).
O empresário multimilionário, e apelidado como o homem mais rico do mundo, Elon Musk - conhecido pelas suas críticas à regulamentação federal que diz travar a inovação - comprometeu-se a cortar até dois biliões de dólares (cerca de 1,8 biliões de euros) do orçamento federal.
Musk - que tem enfrentado entraves regulatórios nas operações das suas empresas, como a Tesla e a SpaceX - declarou que essa iniciativa “vai provocar ondas de choque no sistema” e eliminar desperdícios burocráticos.
A escolha de Musk para integrar a equipa de Trump está a levantar sérias questões sobre possíveis conflitos de interesse, já que as suas empresas assinaram contratos milionários com o Governo federal e estão envolvidas em investigações por agências que ele mesmo passará a fiscalizar.
Para Musk, o DOGE representará um novo patamar da sua participação em políticas públicas e poderá redefinir o cenário da economia tecnológica americana.
A promessa de reduzir a burocracia que hoje limita o setor de exploração espacial, em especial na obtenção de licenças ambientais para a SpaceX, é uma prioridade pessoal de Musk.
A sua visão, já expressa num comunicado, é de uma administração federal “liberta de obstáculos e comprometida com o desenvolvimento nacional”.
Vivek Ramaswamy - um ex-executivo farmacêutico e ex-rival de Trump nas primárias republicanas - trouxe à campanha do Presidente eleito uma retórica de combate ao chamado ‘establishment’ de Washington, apoiando medidas radicais de reduzir a máquina do Estado.
Defensor fervoroso da desregulamentação, Ramaswamy defende uma abordagem mais agressiva na eliminação de órgãos e funções que, na sua perspetiva, desviam o foco do Governo de “servir diretamente os interesses do cidadão americano”.
Trump insiste na promessa de “drenar o pântano”, que remonta ao seu primeiro mandato (2017-2021), e apresenta um projeto político com uma estrutura formal inédita, assente em duas figuras proeminentes e controversas do setor privado.
A criação do DOGE — cuja sigla remete para a Dogecoin, criptomoeda frequentemente promovida por Musk — reflete o tom mais irreverente e disruptivo que Trump parece querer adotar para o seu futuro mandato.
Contudo, a proposta de reformar a burocracia federal encontra precedentes no passado recente.
O exemplo mais semelhante foi a iniciativa do ex-vice-presidente Al Gore, que, no mandato do Presidente democrata Bill Clinton, liderou a Parceria Nacional para Reinventar o Governo, na década de 1990.
A experiência, embora tenha reduzido alguns cargos e programas redundantes, ficou aquém de uma verdadeira transformação estrutural.
Desta vez, o esforço de Trump, segundo Ramaswamy, é “mais profundo e sem precedentes”, procurando “uma reestruturação histórica que economize biliões em recursos desperdiçados”.
As nomeações de Musk e Ramaswamy mostram uma aproximação de Trump com lideranças que se destacam por estratégias de mercado agressivas e pela defesa de uma administração menos interventiva, sem as amarras da burocracia tradicional.
Com estas opções, Trump sinaliza um segundo mandato focado em transformar a máquina do Estado para atender “diretamente aos anseios dos americanos” e fortalecer o poder de decisão do setor privado sobre a economia nacional.
Apesar das grandes promessas, as estratégias práticas para alcançar essas metas ainda não foram esclarecidas.
Alguns observadores questionam se o plano possui viabilidade política e estrutural, especialmente em áreas como Defesa e Saúde, que concentram grande parte do orçamento federal.
Trump, o vencedor das eleições presidenciais do passado dia 05 de novembro, foi hoje recebido na Casa Branca, em Washington, pelo Presidente cessante, Joe Biden, para iniciar o processo de transição governativa.