Os fenómenos meteorológicos extremos são cada vez mais frequentes em todo o Globo, embora existam umas regiões mais assoladas que outras. A Região Autónoma da Madeira não é exceção, e verificamos maior frequência destes fenómenos. Cada vez batemos novos recordes ao nível de parâmetros meteorológicos. Assistimos aos registos mais elevados de sempre ao nível da precipitação do vento ou da temperatura.
Para percebermos este contexto, analisemos os dados meteorológicos que o atual Instituto Português do Mar e da Atmosfera disponibiliza ininterruptamente, desde 1865 para o Funchal, ou seja, há 155 anos obtendo-se os seguintes resultados:
2010 maior valor da precipitação media anual 1477,0 mm
2019 menor valor da precipitação media anual 244,5 mm
2016 temperatura mínima mais elevada a 10 de agosto 29,6 ºC
2020 ano mais quente de sempre com temperatura media anual de 20,8 ºC
2020 fevereiro mais quente de sempre com temperatura media de 19,2 ºC
2020 maio mais quente de sempre com temperatura media de 20,7 ºC
2018 registo da rajada de vento mais forte de sempre 168Km/h Pico do Areeiro
Facilmente percebemos que todos os recordes de valores, foram obtidos na última década. Mas se fizéssemos esta análise em qualquer outra parte do Globo obteríamos dados muito semelhantes dada a globalidade do problema.
Os alertas meteorológicos emitidos à sociedade são cada vez mais frequentes, mesmo os mais graves os vermelhos.
Perante os recentes fenómenos meteorológicos no passado dia 24 e 25 de dezembro em Ponta Delgada e Boaventura em que se atingiu valores extremos de precipitação, relembro que exatamente um ano antes no dia 24 de dezembro de 2019 registou-se incêndios no Paul da Serra que tiveram de ser combatidos pelos Bombeiros e Polícia Florestal. É apenas mais um exemplo de que a previsibilidade do "estado do tempo" alterou-se e que algumas das constatações dos mais idosos e sabedores destas "questões do tempo" vão sendo falíveis.
Ninguém consegue alterar estes fenómenos meteorológicos. Temos pois que continuar a trabalhar na mitigação e prevenção das suas consequências.
O Governo Regional através da Secretaria Regional de Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas elaborou e aprovou a Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas, que se encontra agora em implementação e que constitui um documento fundamental e estratégico nesta área, onde se encontra elencados objetivos e medidas, e onde se traça metas tendo presente vários cenários, envolvendo múltiplas áreas desde a ambiental a económica ou social.
No que se refere ao espaço florestal, à floresta e a biodiversidade, matérias diretamente sob a alçada do IFCN, esta estratégia encontra-se alinhada com os diversos planos sectoriais existentes e aprovados, nomeadamente o Plano Regional de Ordenamento Florestal. Relembro que ao nível das alterações climáticas a floresta e os espaços florestais bem geridos, desempenham um papel importante e decisivo na mitigação e prevenção dos impactos dos eventos climáticos extremos, pelo que todos os trabalhos realizados pelo IFCN nesta área contribuem para esse objetivo.
Não obstante o trabalho já efetuado por diversas entidades, cada cidadão tem um papel importante no combate às alterações climáticas, tomando consciência do contexto atual e tomando no seu quotidiano atitudes responsáveis e consentâneas com essa realidade.
Espero que a análise dos dados aqui explanados contribuam para esse fim.