É comum ouvir alegados especialistas políticos justificarem o aparentemente injustificável de forma simplista. “É política”. Pronto. Como se os menos experts, os que questionam novelas e factos que dão verdadeiramente muito que pensar, têm de se limitar à sua insignificância na pseudo-arte de fazer política.
Mas afinal o que é a política? Os menos entendidos julgarão tratar-se da definição de regras em todas as áreas da sociedade. O povo escolhe os representantes, aqueles que melhor defendem os seus interesses na definição do modelo organizativo/administrativo que consideram fazer mais sentido. Não valorizam, contudo, que a política, hoje mais do que nunca, é uma ciência oculta, não mensurável apenas pelas medidas que vêm a público.
Para os especialistas políticos, é preciso avaliar e conjeturar sobre o trabalho de bastidores. Onde, ao que parece, tudo o que acontece é preparado ao pormenor. Até o que falha. Porque o importante é projetar a culpabilidade para cima do adversário, pelo menos à luz da opinião pública.
Desvalorizam, no entanto, aqueles que, mesmo vendo de fora, veem bem melhor do que alguns que sobrevivem lá dentro, seja nos bastidores ou até mesmo nos palcos da demagogia em que muitos desfilam.
A política deve servir os eleitores, que são cada vez mais esquisitos – no bom sentido, claro – na hora de atribuírem o seu voto. Pensam por si e têm memória. Sabem o que disse esta ou aquela figura em determinada altura. E não precisam de ajudas facciosas, porque percebem que a orientação externa é (quase) sempre parcial.
Reclamam, pelo menos a maioria, por uma governação equilibrada. Aliás, nesta altura, pedem mesmo que haja quem governe de forma a estabilizar questões orçamentais que têm atrasado a vida de muitos contribuintes.
Reconhecem que houve responsabilidades da maioria no passado recente para a ausência do orçamento. Mas reconhecem também que a oposição que critica o antes quer agora, depois, vestir a pele que tanto abominaram não há muito tempo.
Mais do que discutir responsabilidades, a hora é de garantir o futuro imediato. E esse está dependente do orçamento – mesmo que mau – para começar a desbravar caminho e iniciar uma nova era de maior fiscalização parlamentar às políticas da maioria.
Independentemente do que vier a seguir, é notório que a validação de determinadas questões dependerá essencialmente dos partidos que se situam à direita. Aqueles que, em determinadas matérias, poderão juntar-se à esquerda que, como já se viu, parece assumir uma postura discordante em todos os sentidos. Porque, está mais do que sabido, em política há divergências insanáveis. E a conversa/diálogo só abre mais a ferida.