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Artigo de Opinião

Diretor

12/10/2024 08:05

Numa das redes sociais, há uma interessante página intitulada Madeira Quase Esquecida.

É uma espécie de depósito de imagens e curtos textos que preenchem a nossa memória coletiva.

Não tem uma organização profissional ou académica. Não tem preocupações de registo histórico rigoroso. Não é um arquivo oficial. Nem sequer é um catálogo.

Mas constitui um acervo aliciante para quem gosta de comparar o antes e o depois. E está repleto de fotografias a preto e branco ou com cores velhas e desmerecidas por anos de mofo.

Essas imagens ajudam a perceber um contexto real em que viveram as gerações que andam hoje com mais de 50 anos.

Mostram uma Madeira com tanto de belo, como de esquecido e abandonado pelos diferentes poderes. Sobretudo os nacionais, os do Estado, que nos olhavam de lado ou de cima para baixo.

Era o lado mais verdadeiro e cruel da Madeira Quase Esquecida.

Depois veio o advento da autonomia. As lutas por um regime que nos permitisse alguma liberdade no quadro geral do Estado. Com os anos, somaram-se conquistas autonómicas. Veio algum reconhecimento, respeito, valor e consideração.

Mas se tudo isso veio, parte disso parece estar a ir.

Hoje, sentimos novamente uma pontinha de sobranceria do Estado centralista sobre as autonomias. Sentimos algum desinteresse, algum desencanto.

Na verdade, não é de hoje. Não é exclusivo deste Governo. Já havia sinais da sobranceria de Sócrates, que foram confirmados pela vingança de Passos Coelho. Costa só a custo aceitou pagar metade do hospital e Montenegro vai pelo mesmo caminho.

As contas do Orçamento de Estado, conhecidas esta semana, constituem outro sinal, se bem que balizado pelas regras da Lei das Finanças que está para rever.

O ‘baralhar e dar de novo’ com o subsídio de mobilidade é mais grave e mostra uma estranha preferência pelos Açores.

A indicação para que a Universidade da Madeira se desenrasque é outra face dessa atitude de desprendimento cada vez maior.

A falta de atenção para as condicionantes do aeroporto, sem olhar a modelos alternativos, é outro exemplo do desinteresse.

O adiamento de investimentos em serviços do Estado na Região ou no acerto de contas com despesas de saúde de trabalhadores do Estado são outros exemplos que concorrem para a perda de peso político da Madeira em Lisboa.

E há outros sinais.

Nem sequer é uma questão de dialética, muito menos de estratégia. Parece mesmo um desinteresse quase geral. O Estado assume os mínimos dos mínimos e os madeirenses que se amanhem.

E a verdade é que se amanham.

Encolhem os ombros, fingem que não se passa nada e continuam alegres e contentes. Enquanto isso, o poder centralista ignora as escassas reivindicações da Região.

E escassas porque experimentamos um tempo em que os dois principais partidos políticos estão obrigados a falar baixinho daqui para Lisboa. O PSD – e o Governo Regional – porque andam entretidos com a agitada vida interna e porque ainda não tiveram tempo de reivindicar grandes causas nesta legislatura. O PS porque esteve lá oito anos e não conseguiu muito melhor.

No fim do dia, fica a ideia de que a Região não conta para o totobola político nacional. Parece indiferente aos governantes nacionais saber o que pensa, quer ou sonha a governação regional.

O Estado, centralista, não só nos ignora, como o faz com sucesso.

É a nova Madeira Quase Esquecida.

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