Por estes dias, em tantas partes do mundo, celebram-Te oh Deus Menino!
Não só por tradição. Também por racionalidade. O seres Causa Primeira e Síntese Final, o Bem Absoluto.
Daí que a Fé seja caminhar no desbravar destas convicções. Querer seguir no mesmo atalho de Santo Agostinho, “a minha alma tende para Vós e só descansará quando repousar em Vós”.
“Querer seguir”. Emprego o verbo QUERER. Porque esta é a melhor expressão da Liberdade que harmonizaste para a Grande Construção onde cabe o Ser Humano.
O problema vem sendo quando o Bem e a Liberdade não se querem conjugar. Porém, claro que o conceito de Deus seria falso se o Ser Humano não possuísse a Liberdade de ter a obrigação de aprender e de saber encontrar o caminho do Bem, mesmo falhando tanto como após tantos séculos continua sucedendo.
Precisamente porque a essência de Deus é incompatível com uma imposição dogmática prévia, o que já não exprimiria a perfeição da Sua Obra.
Já não seria Liberdade.
Mas repara, Menino Jesus de por estes dias, como vemos o ponto a que vai o infinito da Misericórdia que Te faz Deus.
É que os mesmos que Te celebram, Menino Jesus de por estes dias, são muitos deles também os algozes que Te crucificam nas guerras que povoam este mundo, nas injustiças que causam rios e mares de lágrimas.
Guerras e injustiças que trazem o acumular pecaminoso de fortunas, bem como o espectáculo degradante dos ambiciosos “grandes deste mundo”, fariseus que quebram a Paz e Te crucificam num exibicionismo palavroso no qual se pretendem catapultar aos cúmulos mediáticos.
É terrível.
Terrível, ver os que se envolvem em roupagens que dizem ser as Tuas, adaptando a Tua Palavra em proveito pessoal. Ou terrível, porque Tu existindo, julgam ser missão histórica apagar-Te, no fundo por constatarem a respectiva impotência e impossibilidade de serem “deuses”.
Tudo isto é terrível. Mas o facto de Deus implicar algo como sobrevivência eterna, conceito a que chegamos sem sequer ter de recorrer à mitologia, mas por racionalismo, é essa transcendência do que continua sempre, do que não acaba, que nos dá Fé.
Fé é força.
A força para continuar, mesmo contemplando-Te no Presépio e, ao mesmo tempo, visionando-Te a suportar a hipocrisia de um mundo que nestes dias Te adora nas palhinhas, distribui “boas festas” e simultaneamente Te crucifica.
Adorado, Tu que não precisas disso.
Depois crucificado, Tu que não mereces, mas deixaste.
Mas “tudo isto” leva-nos a compreender o paradoxo do Ser Humano e os seus dramas de vida. Compreender do que somos capazes na grandeza do Bem e no inferno do mal.
Ora, nesta complexidade, logicamente assumes-Te como Esperança. Precisamente porque não limitaste a nossa Liberdade ante o Bem e o mal.
A evidência de, apesar de tudo, ser necessário defender a Liberdade como caminho para Ti.
Obrigado, Senhor!
Bem sei que o tempo do Natal envolve uma mística que é também de ternura para Contigo e todos. Infelizmente não por muitos dias.
Mas à medida que a idade vai tornando mais próxima a fusão no Bem Absoluto que é Deus, que és Tu, mais que o desvanecimento de criança, nesta Quadra que recordo com tanta saudade quase caindo nas emoções de que procuro fugir sempre, agora este tempo é mais para Te agradecer.
Por tudo. Pelo que a Liberdade que me deste, permitiu fazer. E pelas cabeçadas que me permitiu dar. Tudo um compêndio onde aprendi a maravilha da Vida, da qual és causa primeira e destino lógico!
Por enquanto, dá-me um cantinho no Presépio.
Escondidito.
Mas onde eu sinta a felicidade de cantar o Glória a Deus e a Paz na Terra para toda a Humanidade.