A escolha do Governo Regional pela Quinta do Santo da Serra permitiu também recuperar a antiga Casa do Caseiro que se encontrava bastante degradada. No caso da RAM, o Centro, pretende informar e divulgar o trabalho desenvolvido em prol da floresta do arquipélago da Madeira, desde a descoberta da ilha até à atualidade, numa perspetiva de valorização e conservação dos recursos florestais existentes. Também objetiva constituir um polo informativo e educativo para os madeirenses, com destaque para a comunidade educativa escolar, e para os seus visitantes.
O Centro Florestal da Macaronésia conta com um espaço onde está exposta informação que relata as principais medidas implementadas em prol da preservação florestal, numa disposição cronológica, desde a descoberta da ilha até aos dias de hoje e onde se destaca o notável trabalho realizado ao longo de 23 anos pelo Eng.º Silvicultor Eduardo de Campos Andrada; homenageia a Laurissilva da Madeira Património Mundial da UNESCO; realça o trabalho realizado pelo Corpo de Polícia Florestal e pelo Corpo de Vigilantes da Natureza em prol da floresta; salienta os trabalhos desenvolvidos em prol da conservação do património florestal, com a recuperação e proteção de espécies e habitats prioritários através do controlo de espécies invasoras; e enfatiza a relação eterna entre o madeirense e o espaço florestal.
Conta também com uma sala preparada para receber pequenos grupos educativos no âmbito das ações de educação e sensibilização ambiental.
Recomendo e convido todos os madeirenses a visitarem este local, que é de entrada gratuita, pois ficarão a conhecer um pouco mais da nossa história florestal e possivelmente conseguirão compreender melhor o presente.
Recomendo, ainda mais, a visita a este Centro, de algumas "personalidades" que ultimamente têm proferido afirmações pouco conhecedoras da realidade florestal e que julgo poderiam aqui aprender algo mais com a história.
Os madeirenses sempre souberam utilizar, de forma responsável, a sua floresta, mesmo quando essa utilização implicava a sua sobrevivência. Mesmo nos períodos mais difíceis de crises em que essa utilização foi mais difícil, sempre se conseguiu o equilíbrio, obviamente impondo-se regras que eram cumpridas e compreendidas pela população. Exemplo do que acabo de referir é a história dos mais de 108 anos do Corpo de Polícia Florestal, criado com o intuito principal de preservação do património florestal, e que sempre conseguiu esse desidrato em respeito pelas populações, impondo logicamente as regras que se adaptaram ao longo dos tempos.
Hoje, embora os registos fotográficos da nossa sociedade sejam bem diferentes dos que expomos no Centro Florestal da Macaronésia, e os propósitos da gestão florestal sejam outros, há que olhar para o passado, perceber o presente e projetar o futuro. É este exercício que muitos que se apregoam "defensores da floresta e do património florestal" não conseguem efetuar. A realidade de hoje é fruto de medidas tomadas no passado. Na equação da gestão florestal e da conservação da natureza esteve sempre presente o Homem. A floresta esteve sempre aberta ao uso fruto do Homem e nunca existiu um afastamento das populações locais na gestão da mesma.
No Centro Florestal da Macaronésia poderão visualizar fotografias marcantes do passado da RAM que falam por si, mostrando claramente essa relação floresta/Homem. Pois bem os tempos mudam mas os princípios devem manter-se. Algumas das regras é que obviamente devem ser adaptadas e alterada em função dos tempos.