Durante a minha caminhada por esta fugaz e apressada existência, por diversas vezes fui ouvindo essa palavra que talvez muitos já não usem ou reconheçam. As gerações mais antigas utilizavam amiúde, diz-se, para descrever um local, ocasião ou evento "infestado" de gente. A forma de escrever ou dizer, salutarmente, pode divergir, riquíssima que é a diversidade destas matérias ao redor da Ilha.
O verão 2022 trouxe o "Sarrame" de volta. Quer se goste ou não, ele voltou. Falando um pouco mais a nível cultural e abordando os "infindáveis" eventos, o verão de 2022 trouxe os arraiais, os concertos, as mostras gastronómicas e por aí adiante. Uma alma "caridosa" que se veja impelida a "ir a todas" cuide-se ou não vá acabar "embeiçada", a não ser que o Dr. sempre sorridente Costa providencie um voucher ou talão para espetada non stop, bolo do caco e vinho com laranjada. O verão de 2022, e em especial Agosto, trouxe eventos para todos os gostos. Fazer a selecção de quais atender poder-se-ia e poder-se-á tratar de tarefa repenicada.
Sorrateiro entrou Setembro, de manhãs brandas, marés abonançadas e as primeiras chuvas. Talvez alguns ainda sintam arrependimento e ainda ecoem memórias "daquela ressaca" e das agonias inerentes. Outros talvez andem à cata do que ainda acontecerá por Setembro. Brincando, brincando estamos quase na Festa (Natal) e este ano o Sarrame volta dia 23 de Dezembro.
Fora de brincadeiras, e uma vez que a inspiração nem sempre abunda, o certo é que foi bom voltar a sentir que o homo sapiens cá da Ilha está vivo, resistiu e voltou a estar junto e a conviver. Independentemente dos excessos e do lado negro do "Sarrame", o que destaco é o regresso do convívio entre seres humanos que andaram afastados tanto tempo. Admitindo que não sou grande frequentador de ambientes de "Sarrame" devo, no entanto, enaltecer o lado bom do retorno dos convívios bem Madeirenses.
Algumas notas de relevo sempre de Sardinha na brasa: O regresso do ArtCamacha e a mostra etnográfica dum passado da Ilha e a agradável sensação de que é possível fazer eventos culturais sem que se tenha de assistir à "Guerra" dos subwoofers e a "maratonas" dos decibéis. Os eventos não têm de ser todos iguais, a cultura nem sempre é competição ou passível de ser mesurada em números. Fazer com o que há, mesmo que pouco, pode ser suficiente e bonito, como de resto parece ter ficado provado.
Bonito foi também assistir ao regresso dos Concertos L na charmosa e singular Estalagem da Ponta do Sol, o já mítico e nostálgico Arraial de São Vicente e todos os eventos que, de uma forma ou de outra, trouxeram sorrisos de volta, reencontros e chama festiva do ser Madeirense. A todos os que, muitas vezes de forma voluntária, contribuem para que as coisas aconteçam e fazem por manter vivas tradições, rituais e costumes, uma grande vénia. O "Sarrame" voltou e com ele a noção de que estamos vivos.
Até Novembro…