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Artigo de Opinião

20/08/2024 08:00

O Dia Internacional da Juventude, celebrado a 12 de agosto, deveria ser uma data de reflexão sobre o futuro dos nossos jovens, especialmente numa região como a nossa, onde o potencial da juventude é enorme, mas onde os desafios são igualmente colossais. Somos a região com a maior taxa de pobreza, com uma das mais altas taxas de abandono escolar precoce e com uma elevada percentagem de jovens que não estudam nem trabalham. Os baixos salários tornam a compra de uma casa e a constituição de uma família um sonho cada vez mais distante e difícil de alcançar para os jovens madeirenses. Estes são desafios urgentes, que não assolam apenas os madeirenses, mas que se tornam ainda mais prementes nesta região.

Num recente debate promovido pelas Mulheres Socialistas, o Partido Socialista destacou a necessidade de fixar mais jovens na região. Estudar fora da Madeira, por exemplo, deveria ser uma oportunidade para que os nossos jovens trouxessem conhecimento e inovação de volta para a ilha. No entanto, o retorno é frequentemente inviável, devido ao alto custo de vida e à falta de condições que permitam aos jovens regressar e contribuir para o desenvolvimento da sua terra natal. Outro problema crítico é a desinformação. Muitos jovens são facilmente influenciados por movimentos populistas, em parte porque a educação política nas escolas é meramente teórica. Onde estão as assembleias de turma que poderiam incutir nos alunos o senso de cidadania ativa? Onde estão as oportunidades para os jovens decidirem o que é importante para eles e para o futuro da sua comunidade? Onde está a integração de mais jovens nos lugares de decisão, exemplo dado pelo PS-Madeira em 2019 nas três eleições da altura, mas que não foi seguido por mais nenhum partido

Discutir os desafios da juventude sem considerar o estado atual da nossa região é ignorar uma parte crucial da equação. Continuamos sem grandes respostas, numa região onde a atenção parece estar sempre direcionada para os mesmos e não para todos. Quando confrontados, a resposta dos governantes é a arrogância. É essa mesma arrogância que tem permitido que incêndios devastem a Madeira, ano após ano, sem que se aprenda com os erros do passado. A falta de um plano robusto de manutenção, prevenção e resposta atempada aos incêndios é um exemplo claro de como estamos a boicotar o futuro dos jovens madeirenses. Esta é a terra deles. É aqui que deveriam poder construir as suas vidas, sem medo de perder tudo para as chamas. Medo esse que alastra por tantos e tantos populares à altura em que escrevo este texto (domingo), pessoas que lutam para salvar o trabalho de uma vida, ajudados por meios operacionais humanos que já estão no seu quinto dia de trabalho, e reforçados por meios do continente apenas após muita pressão popular.

Orgulhosamente sós, numa terra onde os governantes do PPD-PSD Madeira nos brindam com a sua arrogância habitual nos canais nacionais, enquanto na RTP-Madeira as festas populares parecem ser mais importantes do que informar a população sobre o evoluir dos incêndios devastadores (como se viu no sábado à noite). Chamar “treinadores de bancada” aos madeirenses que estão no terreno a tentar salvar o seu património é simplesmente inaceitável e revela uma falta de visão, de humildade e de coragem política.

E o património madeirense? E a nossa terra? Vamos continuar a ser orgulhosamente sós enquanto as chamas consomem? Porque os fogos não vão abrandar. As alterações climáticas estão aqui para ficar, e os fenómenos climáticos adversos, juntamente com a nossa orografia, tornarão este trabalho cada vez mais difícil. Garantir que continuamos com uma Madeira próspera, socio-economicamente mas também no seu maior atributo – a natureza – é o verdadeiro desafio.

É altura de agir com responsabilidade e compromisso. No combate aos fogos, na sua prevenção, e na garantia de um património natural para as gerações mais jovens. Jovens esses cujos anseios devem ser ouvidos. Não podemos permitir que a Madeira continue a ser um lugar onde os jovens são obrigados a partir para encontrar o que deveriam ter direito de ter aqui: oportunidades e um futuro digno.

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