Embora as tradições populares assinalem apenas a festa de São Pedro a 29 de junho, a liturgia da Igreja romana sempre uniu os dois apóstolos martirizados em Roma, no mesmo dia litúrgico. Ambos são da raça de Israel, embora tendo nascido e sido educados na Lei, a Torah hebraica, Pedro na Galileia e Paulo na grande cidade cosmopolita de Tarso.
Embora tendo nascido em diferentes cidades, Pedro em Cafarnaum da Palestina,
Paulo de família judia na cidade cosmopolita de Tarso, cidade com uma célebre universidade que preparava os educadores e formadores dos futuros imperadores romanos.
Pedro teve a sua preparação religiosa na sinagoga de Cafarnaum, onde pescavam os peixes do lago de Generaset, estando esta cidade em ligação estreita com Magdala onde a indústria da pesca era muito forte, enviando até peixe para a capital do Império, Roma.
Paulo, por seu lado, teve uma esmerada educação na sinagoga de Tarso, mas devido à grande cultura e influência citadina, falava hebraico e aramaico na sua família e, latim e talvez grego, na sua cidade, conhecia as tradições romanas e gregas, os jogos, as festas aos deuses do império, embora a cidade fosse moderada nos seus costumes e vida moral. Em Jerusalém quando estava para ser preso, apresentou-se como "judeu, nascido em Tarso da Cilícia, cidade que não deixa de ter importância, da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus, que foi segundo a Lei, fariseu".
Devido à piedade da sua família e inteligência fulgurante veio para Jerusalém, com cerca de dezasseis anos, para seguir os estudos "aos pés de Gamaliel" como fariseu piedoso.
Deus tem planos diferentes para chamar os dois filhos de Israel, por meio do Seu Filho Jesus para salvar a humanidade. Em Cafarnaum, Jesus torna sua morada a casa de Pedro, cura-lhe a sogra, e a casa torna-se o centro de toda a cidade. Seguindo ao longo do mar da Galileia, Jesus encontra o atarefado senhor Zebedeu, com dois filhos jovens e inteligentes, Jesus não escolhe só um, chama os dois, Tiago e João, chamados "filhos do trovão", e Zebedeu fica só com os assalariados. Quanto a Pedro, Jesus sobe até à cidade de Cesareia de Filipe, dedicada ao deus pagão Pan, e faz uma pergunta aos discípulos para dizerem quem era Ele?
PEDRO responde, "O Messias, o Filho de Deus," Jesus responde-lhe: "Não foi a carne nem o sangue que te disseram, mas meu Pai que está nos Céus". Deus escolheu Pedro, vai cooperar com ele, será o Chefe da Igreja. Passarão muitos anos até que Pedro receba a missão de apascentar as ovelhas de Cristo, até ao fim dos tempos.
PAULO, o fariseu convicto, o perseguidor dos cristãos de Jerusalém, terá uma experiência mais forte e dolorosa, é preciso que Jesus mude este fariseu de dentro para fora. No caminho de Damasco, uma luz vinda do céu, interroga-o: "Saul, Saul, porque me persegues? "Paulo com cerca de 29 anos, tinha sabedoria e prestígio e agora queria poder e autoridade para cortar pela raiz aquele ramo de um novo grupo que ousava perturbar a Lei e aumentar a fé no crucificado da Galileia. Derrubado por terra, cego, perturbado diz: Quem és tu Senhor? "Eu sou Jesus, é a mim que tu persegues? Levanta-te, e entra na cidade e aí dir-te-ão o que deves fazer".
A vocação de Saulo é narrada três vezes no livro dos Atos dos Apóstolos. A narração põe em destaque o choque violento, mas não toca no efeito interior do acontecimento.
O apóstolo vai referir diversas vezes nas suas cartas o episódio central da sua vida, momento que transformou um fariseu em Apóstolo dos Gentios. Ele, após longa
meditação e retiro, mostra que a sua vocação não é diferente do chamamento dos profetas do Antigo Testamento, iguais às do profeta Isaías. Paulo, nas suas Cartas, quer mostrar que a aparição no caminho de Damasco não foi diversa das aparições do Ressuscitado aos apóstolos.
Ambos foram martirizados e sepultados em Roma, Pedro na colina do Vaticano, Paulo
na Via Ostiense, junto ao rio Tibre, onde foi erguida uma majestosa Basílica.
Pedro e Paulo, colunas da Igreja, são festejados na igreja no mesmo dia, mas Paulo não entra na festa popular. Este gigante das Cartas Apostólicas merece um reconhecimento do povo cristão, estudo e meditação, como as cartas de Pedro.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!