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Artigo de Opinião

Advogado

14/07/2024 05:30

Gosto do ímpeto reivindicativo da juventude.

Admiro a luta por ideais, a vivacidade da pureza de valores.

Reconhecendo que os horizontes terrenos são limitados, partilho do contributo que podemos dar a um Mundo melhor, mais pacifico, mais seguro, mais justo e mais evoluído.

Devo crer que a maioria da juventude que sai à rua empunhando bandeiras, gritando slogans, mostrando coesão à volta de uma causa, o faz genuinamente.

Mas não posso ignorar o incitamento e o aproveitamento do que está nos bastidores. E costumo pensar no proveito que se pretende com as referidas manifestações.

Ninguém pode ficar indiferente ao que se passa em Gaza. Crianças feridas, milhares de desalojados em fuga, destruição de cidades e a fome a se alastrar. Qualquer pessoa de boa vontade desejará o fim da guerra naquela parte e lutará para que nessa zona do Mundo haja paz e respeito pelos direitos humanos.

Mas tenho dificuldade em compreender porque se fala de Gaza e não se acusa o Hamas. Porque se lamenta a reação e não a ação que ainda mantém reféns tão inocentes como tantos que caem ou sofrem na Palestina.

Maior dificuldade tenho em não ver no meio dos tecidos axadrezados que embrulham os pescoços dos jovens universitários que saem à rua em Washington ou em Londres, turbantes cheios de flores como usam as mulheres ucranianas. É porque lá também se matam inocentes, também se bombardeiam hospitais pediátricos, também se causaram milhões de desalojados espalhados por esta Europa.

Onde está a diferença?

A falta de resposta tem um pressuposto que é um preconceito. Há por detrás de muitos dos manifestantes, um ódio aos EUA. Onde estiver a América está o inimigo! Se o Governo de Biden apoia a Ucrânia ou Israel, parece ouvir-se “temos de estar do outro lado”.

O que faz muitos jovens europeus estarem contra os EUA?

Não saberem da História o contributo que veio do Novo Mundo para Paz e para a segurança coletiva de todos nós? Não reconhecerem que a pátria da Liberdade e da Oportunidade foi farol na consciencialização crescente da importância dos direitos humanos? Não estimarem a aliança que uniu o Atlântico Norte?

Ou pelo contrário será por estarem cegos ao que se desenvolve do outro lado? Não descortinarem nos Putins atrocidades e atropelos a elementares direitos humanos que não existem deste lado? Não conseguirem ver como são espezinhados direitos das mulheres ou de minorias étnicas ou religiosas nesse lado do Mundo?

Há anos quando ouvia um jornalista que tinha investigado o Al-Qaida, surpreendeu-me o número de jovens, europeus, de famílias de níveis económicos elevados e de formação superior que participavam nas reuniões preparatórias das ações desse movimento terrorista. Um só motivo os unia à barbárie: o ódio aos EUA!

Essa aversão tem um móbil: o dinheiro. Creem esses jovens que é a economia americana que afoga as economias do resto do Mundo e cria as maiores desigualdades mundiais. Acreditam que é nos grupos económicos poderosos sedeados nos EUA que reside o mal da humanidade.

Para além da parcialidade de tal julgamento e sem deixar de reconhecer que muito há a fazer pela justiça redistributiva, o crescente papel económico das oligarquias russas e chinesas desmente essa primazia.

E restará sempre a pergunta crucial: entre um poder económico forte, mas apesar de tudo controlado pelo poder político e pela justiça, como acontece no Mundo ocidental, ou um poder económico alapado ao Estado, impune e incontrolado, financiador de terroristas e de radicalismos, qual nos merece maior crédito?

Por atrás da espontaneidade de um protesto da juventude pode estar essa máquina económica e política que nos ameaça e que não tem qualquer tipo de controlo credível.

Alertar para isso é um dever da civilização ocidental.

Ricardo Vieira escreve ao domingo, de 4 em 4 semanas

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