A Assembleia Regional dominada pelo PSD, CDS e PS tornou-se monocórdica. Assistir 43 deputados a defender exatamente a mesma coisa, por palavras diferentes, não é propriamente entusiasmante. Quem ficou a ganhar com esta nova dinâmica foi o poder económico que viu reforçada a sua hegemonia, sem a presença de vozes contestatárias aos interesses instalados. O facto é que da oposição digna desse nome só ficou a politicamente correta, neste caso, os partidos que pedem licença para criticar. E não tenhamos dúvidas da importância que é haver alguém a lançar a pedrada no charco. A falta de diversidade representa um grave retrocesso na nossa democracia regional.
Naturalmente, que nem tudo está perdido nem nada é definitivo em democracia. As eleições são sempre uma oportunidade para efetuarmos as mudanças que julgamos necessárias para a nossa comunidade. E ainda bem que temos autárquicas para Setembro/Outubro. Há muito para melhorar.
O pior é que já começaram a ser divulgadas as primeiras sondagens para o Funchal e os resultados não têm sido propriamente animadores, apontando novamente para uma bipolarização entre o PSD e o PS. Embora sem saber ao certo de que lado irá pender a balança, corremos o risco de reproduzir nas autarquias o cenário do parlamento regional e lançar o Funchal no completo obscurantismo
A experiência diz-nos que é muito difícil derrotar um presidente de câmara em funções. No entanto, Miguel Gouveia, não teve um percurso fácil. Neste último ano praticamente representou a Câmara do Funchal sozinho, sofrendo na pele aquela que é a pior fraqueza do Partido Socialista na Madeira a falta de união e lealdade entre os seus membros.
Os vereadores sabendo que não iriam continuar para disputar um segundo mandato, ficaram apenas a cumprir calendário e deixaram Miguel Gouveia à sua sorte. O que revela a total impreparação para o cargo. Esquecendo que o compromisso, mais do que ao partido é para com a comunidade que o elegeu. Isto só vem provar a atualidade de uma das mais conhecidas parábolas de Jesus Cristo que para ilustrar a rejeição do povo de Israel em reconhecê-lo como Messias, contou a história de um rei que convidou as pessoas mais nobres para a festa de casamente do filho, e que uma vez a festa pronta os convidados não apareceram. E o senhor revoltado disse aos seus servos: "A festa estava preparada, mas os convidados não eram dignos". Ora, assim foi a Coligação Confiança, a festa da democracia estava preparada, com o desejo de mudança da população, mas o problema é que as pessoas que vieram protagonizar essa mudança não eram dignos dessa tarefa. Na primeira oportunidade, atraiçoaram os seus pares, destruíram todos os princípios que norteavam a Coligação Mudança, abrindo a porta ao regresso da direita nas autarquias de Região e destruindo a hipótese de uma mudança política na Madeira.