A Comissão Especializada de Ambiente, Clima e Recursos Naturais ouviu, esta tarde, o presidente da Coopescamadeira – Cooperativa da Pesca do Arquipélago da Madeira, apelar ao fim da proibição de pesca do atum, para além das 2 milhas náuticas, nas ilhas Selvagens. Atualmente a proibição estende-se até às 12 milhas, mas Jacinto Silva garantiu que “a pesca do atum não faz mal nenhum à reserva marítima”, alegando tratar-se “de uma pesca artesanal, não industrial e feita à superfície”, sem qualquer impacto no ecossistema marinho.
O parlamento madeirense está a ouvir várias entidades com o propósito de esclarecer questões relacionadas com o Projeto de Decreto Legislativo Regional, da autoria do CHEGA, intitulado “Alteração do regime de proteção de parte da Área Marinha da Reserva Natural das Ilhas Selvagens”. O diploma pretende alterar “o regime de proteção de parte da área da reserva natural das Ilhas Selvagens, permitindo a pesca tradicional de tunídeos entre as 2 e as 12 milhas náuticas”.
O representante dos pescadores revelou que na Madeira, depois de 2022, “houve uma quebra na pesca de tunídeos superior a 50%”. “Estes dois anos foram os anos mais fracos, porque os pescadores não podem pescar nas Selvagens”, vincou.
Jacinto Silva lamentou que ninguém tenha falado com os pescadores e com os armadores aquando da alteração da lei, reforçando que “precisamos de pescar atum nas ilhas Selvagens”, porque “há armadores a passar muitas dificuldades”. Para fazer frente à crise pesqueira, o representante da cooperativa de pesca referiu que “quase toda a frota está no mar à espera de um milagre”, apenas 3 embarcações estão no estaleiro. “Se os pescadores não interessam acabem com eles. Prefiro morrer de repente do que morrer aos poucos”, desabafou.
Sobre a possibilidade de ser atribuído um subsídio para compensar as perdas nas Selvagens, o presidente da Coopescamadeira disse que os pescadores preferem trabalhar para fazer face “aos grandes investimentos que foram feitos”. “Quem apostou neste setor foi traído”, concluiu Jacinto Silva, com a esperança que este diploma do CHEGA possa reatar a permissão da pesca do atum, entre as 12 milhas e as 2 milhas da costa das ilhas Selvagens.