Vai de vento em poupa o Europeu de Futebol. Há jogos para todos os gostos. Golos para todas a alegrias e tristezas para todos os gostos e desgostos. Uns caiem, outros continuam e a bola rola aos pontapés pelos chãos verdes dos estádios. Ah! pois, os estádios! Há pouco mais de um mês se me apanhassem a menos de um metro do meu vizinho lá entrava em vigor o Decreto tal, numero tal de tantos de tal. Resultado… multa. No mínimo. Mas até houve casos de detenções. E, infelizmente até mortes. Pelo "desrespeito" pelo tal distanciamento e pelo não uso das máscara, neste eterno carnaval em que nos encontramos. E mesmo hoje, se me apanharem desprotegido da máscara, pronto para contaminar ou ser contaminado, lá vem a multa. No mínimo.
E, de repente… boom… os estádios.
Cheios. A abarrotar. Quase, quase lotados. Com uns quantos espaços vazios não vá que o diabo tecê-las…
Trinta mil, sei lá quantas mil pessoas. Juntinhas, ombro com ombro. "Desmascaradas". Abraçando-se. Gritando. Dando as mãos. Beijando-se, até.
O futebol fez o milagre. Acabou com o distanciamento. Arrancou as máscaras que, diziam, nos protegiam de um ror de coisas desde contágios a contaminações. Acabaram os "desabraços" os "desapertos de mãos" as cotoveladas à laia de cumprimento que o dito, ao que se dizem, não ataca pelos cotovelos. Nem pelos nós dos dedos.
O futebol é um milagre. Acabou com tudo. Permitiu tudo. Viagens. Deslocações. Vacinas. Testes. Sim, que ninguém acredita que os 30 mil presentes num qualquer estádio tenham sido vacinados. Testados. E negativamente. Que os milhares que viajaram de e para, e de volta a, e de novo para, tenham, antes do check-in, de todos os check-in, sido "zaragatoados" com aquela coisa dolorosa, incomodativa, que, penso, deve ser uma confirmação, ou desconfirmação de positividade e vice-versa.
Das duas uma. Ou uma das duas ou as duas juntas, se quiserem. Ou já não percebemos nada do que se está a passar, ou, o que se está a passar não é bem o que dizem que se passa. Multam-se meia dúzia de foliões que, em sua própria casa comemoram um aniversário. Quem sabe, até se a vitória da sua equipa neste europeu dos milagres. Fecha-se um restaurante porque o proprietário se esqueceu da hora do encerramento. Ou um cliente teimoso não quis beber a sua cerveja à pressa. Multa-se um pacato cidadão que baixou a máscara porque já lhe custava a filtrar o ar para alimentar os pulmões. Fecham-se lojas. Trancam-se bares, "encadeadam-se" portas de empresas porque ultrapassaram a "lotação" de trabalhadores. A força de trabalho autorizada, assim é que é. Fecham-se escolas. Suspendem-se aulas. Cercam-se bairros e povoações. Autoriza-se aqui. Desautoriza-se ali. Volta-se a autorizar acolá.
E, de repente o futebol. O milagre dos estádios. Ah! pois. Os estádios. Mas os cinemas continuam fechados. Teatros parados. Praias com lotação determinada ou até fechadas.
E, de repente, os estádios!
O futebol tem, de facto, muita força. Viva o Europeu.