Mas será que existe uma resposta a um problema tão catastrófico como tantas vezes o sentimos? Melhor ainda… será o problema assim tão "catastrófico" que nos faça questionar a nossa própria realidade?
A interpretação que cada um dá às situações que o afligem é diretamente proporcional à realidade por si percebida. A personalidade de cada pessoa, as aprendizagens adquiridas ao longo da sua vida, a capacidade emocional e as estratégias que tem para lidar com os problemas são os principais fatores que fazem de um problema mais ou menos grave para quem o está a vivenciar.
Mas todos os problemas devem ser valorizados (e não sobrevalorizados!). O que para muitas pessoas pode parecer um mal menor, para outras pode ser interpretado como algo inultrapassável, podendo levar a comportamentos de risco, colocando em causa o próprio bem-estar, a própria saúde e mesmo a de terceiros. Muitas pessoas refugiam-se no álcool ou drogas para esquecer problemas, outras testam os próprios limites desafiando a vida e a sua continuidade. Mas os problemas não desaparecem, tornando-se ainda mais insuportáveis trazendo consigo o peso da irresponsabilidade.
Podemos sempre escolher: lutar ou desistir? Lutar para resolver um problema, saindo mais fortes com a experiência entretanto adquirida, ou então simplesmente desistir, ver o tempo passar e o problema tornar-se cada vez maior, mais complicado, associado a comportamentos de risco.
Nunca conseguimos alívio ao desistirmos de um problema, não conseguimos seguir em frente com a nossa vida. Ao desistirmos estamos a admitir que não somos capazes. Consequentemente, a autoestima e o autoconceito vão diminuindo, nós próprios vamo-nos diminuindo, vamos sentindo que somos uma nódoa na sociedade.
Se em vez de desistirmos formos à luta, a sensação que permanece é de que somos capazes, somos elementos válidos numa sociedade cada vez mais competitiva e punitiva. Conseguimos provar que, por mais difícil que possa parecer um problema, vamos sempre lutar para o ultrapassar e o sentimento de realização que se segue é emocionalmente fortalecedor.
Por vezes, em consulta, peço tarefas que desafiam, que fazem sair da zona de conforto, dado que se estão a enfrentar problemas, está a tomar-se consciência da real dimensão dos mesmos. Muitas vezes referem: "Nunca vou conseguir fazer o que me pede! É demasiado difícil!". A realidade é que quem quer ultrapassar determinada situação problemática desenvolve essas tarefas propostas, que pareciam quase impossíveis e, posteriormente, sentem um alívio que até nem compreendem bem. Explico-lhes então que esse alívio se deve ao facto de terem enfrentado os seus problemas, de terem tomado consciência do impacto que os mesmos estavam a ter nas suas vidas e de terem dado um grande passo na direção do alcance do seu bem-estar.
Por muito difícil que seja numa fase inicial, o enfrentamento dos problemas que nos vão surgindo é a solução para que possamos ter uma vida tranquila e feliz, ganhando confiança nas nossas ações, construindo uma realidade futura onde é simples viver.