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Artigo de Opinião

3/08/2024 08:00

Há um mês atrás entrou em funcionamento a nova concessão que integrou todos os serviços de transportes públicos por autocarros num só sistema. A mudança mais visível passou pela renovação das frotas intermunicipais, que contam agora com autocarros novos, modernos, mais confortáveis e seguros. Dado um mês em tempo para limar as arestas do novo sistema, mantém-se à tona diversas questões que deveriam ser analisadas para que efetivamente seja desenvolvida uma rede de transportes públicos com qualidade na RAM.

Relativamente à SIGA, embora prometido, falta ainda implementar um site informativo desenvolvido, uma app que facilite a consulta e utilização dos transportes públicos, e, esperemos, mudanças ao nível do número de frequências e rotas das carreiras.Embora pareçam todos iguais, há diferenças subtis entre os autocarros que foram para a CAM (ex-SAM + ex-EACL) e para a SIGA-Rodoeste. Dentre estas, há uma diferença em destaque: os novos autocarros da SIGA-Rodoeste têm, na traseira dos veículos, painéis informativos com o número da carreira em serviço. Por alguma razão, a qual não encontro qualquer justificação razoável, esses painéis estão ausentes nos autocarros da CAM. Será que alguém na CAM achou esses painéis supérfluos? Se assim foi, então acho muito provável que esse alguém faz a gestão de frotas de autocarros, mas não utiliza os serviços das mesmas. Os ditos painéis são importantes porque informam as pessoas sobre qual o destino do veículo que está à sua frente, ou que acabou de passar por eles vindo da retaguarda, tudo sem que seja preciso deslocar-se (por vezes a correr) para chegar até à frente do autocarro para saber qual o seu destino. Isto é especialmente útil quando o passageiro está a chegar à paragem perto da hora de partida do autocarro. É uma experiência que só é dada a conhecer a quem usa regularmente transportes públicos.

Outra falha sem justificação lógica é a ausência de integração das rotas das carreiras da CAM e da SIGA-Rodoeste no Google Maps. Há muito tempo que a HF e a ex-CCSG (autocarros da Camacha) têm as suas rotas inseridas no Google Maps. Esta integração facilita saber que autocarros passam junto a determinado destino, o que será muito útil na promoção dos transportes públicos, principalmente entre os turistas. Aliás, quantos clientes aquelas empresas perdem diariamente devido a essa falta de informação digital?

Aproveitando a questão anterior, muita gente anda a culpar as rent-a-car por entupirem o trânsito na região. Mas serão estas as verdadeiras culpadas, ou estarão apenas a dar resposta a uma necessidade do mercado? Criticar os outros é fácil, mas quem estaria disposto a abdicar do aluguer de um carro nas suas férias, ainda mais se for num destino com terreno acidentado como a Madeira, e sem acesso a transportes públicos para os principais pontos turísticos?

“Quê? Mas há autocarros para diversos pontos turísticos na Madeira!”

Sim, mas quem informa os turistas disso? Aqui vemos a importância da integração das rotas das carreiras no Google Maps e em outras app’s similares. Experimentem pesquisar naquela aplicação como ir do Funchal até à Ponta do Sol em transportes públicos para verem que resultado obtém. Pois é, chegar àquele destino apenas será possível utilizando serviços de TVDE. Autocarros para fora da área servida pela HF e pela ex-CCSG simplesmente não existem para o Google Maps.

A HF também não está isenta de pontos a serem revistos. Começando pelas carreiras 01 e 02, as que servem a maior zona hoteleira da região: quando a HF irá aumentar a frequência de viagens nas horas em que os turistas mais acorrem a essas carreiras com o intuito de voltarem aos locais onde estão hospedados? Diariamente circulam autocarros completamente cheios nessas carreiras, até deixando passageiros nas paragens por estar esgotada a lotação dos veículos. A HF vai fazer de conta que esse problema não existe até quando? Não seria melhor adquirirem alguns autocarros de maior capacidade (articulados) para fazer viagens entre a Avenida do Mar e a Praça da Assicom? Se a ex-SAM faz viagens entre o Edifício 2000 e Machico com um autocarro articulado, não venham dizer que esta tipologia de veículos é inviável na Madeira. Inviável é termos cada vez mais turistas, mas as estruturas e serviços de suporte não acompanharem esse crescimento.

Se o verdadeiro objetivo for a promoção dos transportes públicos como resposta aos diversos problemas de mobilidade, como o trânsito e o impacto ambiental, então tem de haver mudanças de fundo no sistema. Os transportes públicos muitas vezes não são aliciantes porque é comum estarem implementados num sistema que obriga a população a adaptar-se ao mesmo, quando o correto seria o sistema ir de encontro às reais necessidades da população.

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