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Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

17/07/2024 08:00

A palavra “política” é derivada do termo grego “politikos”, que designava os cidadãos que viviam na “polis”. “Polis”, por sua vez, era usada para se referir à cidade e também, em sentido mais abrangente, à sociedade organizada.

Onde quer que haja duas ou mais pessoas, há necessidade de definir regras de convivência, limites de ação e deveres comuns, e a política acontece justamente no ato de existir em conjunto.

Desta forma, a origem da política remonta à participação na comunidade, à vida coletiva. Bem diferente do que se costuma pensar sobre a política como algo limitado aos políticos profissionais e longe do nosso quotidiano.

O filósofo grego Aristóteles definiu o ser humano como um animal político, ou seja, um ser que inconscientemente procura a vida em comunidade, porque as suas necessidades materiais e emocionais só podem ser satisfeitas pela convivência com outras pessoas.

E é por isso que considero, que nunca como agora, no meio de tanto ruído político, confusão ou ausência ideológica, as palavras proferidas por Francisco Sá Carneiro a três de janeiro de 1980, aquando do seu discurso na tomada de posse do VI Governo Constitucional, fazem tanto sentido!

“A pessoa é a medida e o fim de toda a atividade humana. E a política tem de estar ao serviço da sua inteira realização. Essa é a nova regra, o novo início, a nova meta.”

Porque o fundador social democrata acreditava que a política não era uma carreira, nem uma profissão, mas sim um dever de cidadania, importa também recordar que:

“para nós, sociais-democratas, para qualquer político que encare a política como serviço do seu país, sem melhoria das condições concretas dos portugueses, não há política que valha a pena, não há especulações que justifiquem, não há cenários que motivem ninguém, e um caminho desses seria a ruína da própria liberdade e da própria democracia.”

Ora, na semana em que se discute a proposta de Orçamento Regional para 2024, todos os políticos, governantes e todos os eleitos ao parlamento regional são chamados à responsabilidade e ao esclarecimento da opinião pública; fruto dos acontecimentos últimos em matéria política, o escrutínio popular e o seu acompanhamento é maior do que nunca e mais exigente. E por isso, é fundamental que os partidos e os seus agentes vão ao encontro desta exigência legítima e natural dos cidadãos, porque essa é efetivamente a sua função; quando tal não ocorre, quando o eleitor não reconhece a legitimidade nem a importância do eleito, estamos perante uma fraude democrática e a caminho da rejeição da atividade política e do seu contributo para a nossa vida coletiva.

A rejeição ou a diabolização da política afasta os cidadãos dos partidos políticos, e isto é um problema! E é um problema, porque os partidos são uma das ferramentas mais importantes de participação na política. Com maior participação popular, os partidos podem representar melhor os interesses e as preocupações da sociedade e podem obter uma fonte de recursos que diminui a sua dependência em relação aos recursos públicos.

Por outro lado, não podemos esquecer que, tal como Sá Carneiro afirmava na década de 80, ”a economia marca prazos à política - é verdade. Mas também é verdade que, fora do quadro da estabilidade política, a resolução dos problemas económicos é impossível.” Neste campo, as palavras deste político visionário têm um eco fabuloso e realista nos dias que correm, e mais do que fazer discursos de circunstância, o que importa verdadeiramente é o sentido de responsabilidade de cada força partidária, lembrando, que está nas mãos do parlamento a aprovação deste Orçamento e a consequente devolução da normalidade à vida das pessoas, das empresas, das instituições e das famílias da Região Autónoma da Madeira, porque efetivamente, não podemos nem devemos perder mais tempo, e a história, não nos perdoaria se tal acontecesse.

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