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“Olhem para a Madeira e percebam como o Turismo pode ser alicerçado”

Data de publicação
24 Outubro 2024
16:13

É num momento de grande fulgor do setor turismo, que arrancou hoje em Huelva, uma das oito províncias da região da Andaluzia, o 49.º congresso da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, reunindo cerca de 750 congressistas no Palácio de Colón, um dos muitos edifícios míticos que caraterizam a cidade espanhola.

Os números não enganam e dos dados relativos os primeiros oito meses do ano, até 31 de agosto último, dão conta que Portugal ultrapassou as 55 milhões de dormidas e 21 milhões de hóspedes, com proveitos totais superiores a 4,5 mil milhões de euros.

Transpondo esses indicadores para o arquipélago madeirense, os recordes estão também presentes. Ou seja, os valores acumulados dos hóspedes entrados, para o período de janeiro a agosto de 2024 apontam para 1.501.400, +5,7% que no mesmo período de 2023, e evidenciam igualmente um crescimento nas dormidas, que ultrapassaram os 7,9 milhões (+6,4% que no período homólogo do ano anterior).

Na abertura, Pedro Costa Ferreira, o presidente da APAVT, não enjeitou o palco para desmistificar muito daquilo que vai sendo dito, em relação ao excesso, ou não, de turismo em Portugal. Primeiramente, destacou que “iniciamos este congresso encarando um setor que só pode estar feliz com os resultados alcançados.

Um setor que cresce e é responsável por metade do crescimento do nosso País, um sector que paga um salário médio cada vez mais alto, o sector que permitiu o equilíbrio das contas externas”. Um setor, “eventualmente mais importante, onde estão depositadas quase todas as esperanças de crescimento a curto prazo da economia portuguesa”.

Aqui chegado, constatou, então, que se trata de um setor que “está a ser muito atacado pelas más razões, razões que temos de impedir que se transformem em narrativas normalizadas e comummente aceites como verdade”.Ou seja, “o Turismo não destruiu o centro das cidades, afastando de lá as pessoas. Antes do turismo não havia pessoas a viver no centro das cidades. Ninguém queria viver em zonas degradadas, sujas e perigosas.

O incêndio do Chiado propagou-se inicialmente como se propagou, sendo essa a razão porque acabou por ser um desastre da dimensão que se conhece, simplesmente porque não havia moradores na baixa de Lisboa.

Foi o Turismo que recuperou as cidades, colocando residentes no seu centro”. Igualmente “o Turismo não apagou a genuinidade nem as tradições dos bairros históricos das cidades.

A memória dos contestatários é curta, os bairros históricos não eram típicos, nem genuínos, eram pobres, e a pobreza não deve ser a montra para a qual os ricos vão passear duas vezes ao ano, nos dias dos Santos Populares”.

“Eu sei que há quem se enerve por existirem filas à porta da Brasileira, da Benard, ou do Majestic, e defenda com isso que a cidade ficou descaracterizada. Não é verdade. A Brasileira, a Benard e o Majestic são exactamente os mesmos, o que agora é deferente é que não cabem lá apenas alguns privilegiados, agora entram lá todos”, disse.

Mais, “o Turismo não acabou com as lojas históricas. O que aconteceu foi que os padrões e o comportamento do consumidor se alteraram e apareceram as grandes superfícies comerciais que, já agora, empregam mais gente, pagam melhor e são responsáveis por importantes crescimentos económicos a montante, para além de melhorarem a experiência do consumidor e baixarem os preços dos bens. O que aconteceu foi precisamente o contrário, algumas lojas históricas mantêm-se abertas, porque vendem aos turistas”.

O Turismo também “não desvirtuou os monumentos históricos, que estavam degradados e afastados dos seus verdadeiros donos, que são as pessoas. O Turismo recuperou os monumentos e abriu as suas portas às pessoas, lutando contra um grupo culturalmente caduco, disfarçado de elite, que continua a querer impedir que as pessoas disfrutem livremente do património que é de todos”.

Pelo contrário, “o Turismo preserva a história e propaga a cultura. Olhem para a Madeira e percebam como o Turismo pode ser alicerçado, precisamente apostando também na cultura”, aproveitando a oportunidade “para cumprimentar o Dr. Eduardo de Jesus, um extraordinário parceiro da APAVT e dos agentes de viagens portugueses, muito obrigado pela sua presença”, num tratamento diferencial em relação ao secretário regional de Economia, Turismo e Cultura.

“O Turismo foi o sector que melhor integrou imigrantes nas suas estruturas de produção, atenuando problemas sociais e permitindo que tenhamos uma ténue esperança de renovação demográfica. É muito curioso, mas nada inesperado, que o Turismo seja atacado por quem passa os dias na rua a berrar por melhor integração dos imigrantes, quando é quem mais faz por os integrar, empregando-os”, disse também.

Costa Ferreira aproveitou a ocasião para explicar a razão porque a APAVT deixou a BTL, e com o presidente da Confederação de Turismo de Portugal presente, na cerimónia de abertura, lançou um desafio a Francisco Calheiros: “Precisamos de uma feira que sirva o turismo e que se articule com os seus estrategas, decisores e protagonistas, não precisamos que o turismo seja unicamente fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”.

Ou seja, “há uns anos, em sede de CTP, estimulei o seu presidente a tomar politicamente conta da BTL, impedindo que o turismo fosse utilizado por um mero processo de recuperação empresarial”, de hoje reforçou esse desafio.

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